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Dá para andar de caiaque em canal do Sena, mas rio preocupa organização

Do UOL, em Paris

25/07/2024 04h00

Nadar nas águas do rio Sena ainda não é uma realidade para os cidadãos parisienses, mesmo com um projeto bilionário para tornar a água própria para receber as competições de triatlo e maratona aquática nos Jogos Olímpicos. O uso do rio está confirmado para as provas, mas uma combinação de fatores que está fora do controle dos organizadores pode atrapalhar os planos. Mas dá para praticar esportes aquáticos a 8 km do rio, em um dos canais que o alimentam.

Uma área com quatro piscinas e áreas para caiaques e standup paddle é usada gratuitamente pelos parisienses nos verões desde 2017, e o UOL foi lá conferir de perto. Tirando uma ou outra garrafa d'água e rolha de vinho - afinal, estamos na França - a água parece limpa, não tem cheiro, e só dá para ver algas. O governo controla de perto a qualidade da água, fazendo medições diárias, e garante a segurança naquele trecho.

Existe uma barreira, como se fosse uma grelha, para que haja algum tipo de proteção para que a água de lá não receba a sujeira do rio. Mas a direção do fluxo é do canal para o rio e por isso as águas estão próprias para banho há tanto tempo. Mesmo assim, foram necessários sete anos de estudos para que os especialistas se certificassem de que não haveria risco de contaminação.

O projeto, agora, é expandir esse tipo de experiência para as águas do rio e a previsão é de que três áreas de banho sejam abertas no Sena em si, entre julho e agosto de 2025, em pleno verão europeu.

Os desafios para estes projetos são maiores do que apenas a qualidade da água. Paris é uma das cidades que não têm saída para o mar com maior fluxo de barcos, então há também a questão da segurança das pessoas. Até porque, diferentemente do que acontece nesta área da Bassin de la Villette, não haverá piscinas com divisões de concreto para o rio.

O perigo de os banhistas se misturarem aos barcos, inclusive, foi o motivo original para que nadar no rio Sena fosse proibido em 1923, encerrando uma tradição centenária dos parisienses usarem o rio para se refrescarem do calor, ou mesmo para tomarem banho, antes que houvesse água corrente nas casas, no século XVIII.

Organizadores das Olimpíadas temem chuva

No momento, as competições aquáticas previstas para acontecer no Sena estão mantidas sem alterações no calendário, e a Ministra do Esporte francesa, Amelie Oudea-Castera, até fez questão de entrar no rio para mostrar que a água está própria para banho. Mas uma combinação de fatores pode mudar essa história.

O que ainda não está resolvido mesmo com o investimento de mais de R$ 8 bilhões na limpeza do rio é o efeito negativo do arcaico sistema de esgoto da cidade. Então, quando chove, a sujeira vai parar no rio, prejudicando a qualidade da água.

A tensão aumentou após uma chuva de 2,5 mm na terça-feira de manhã, volume considerado baixo, mas é aí que entra outro fator nesta história. O fluxo do rio, que acaba levando essa sujeira. Então os organizadores também estão de olho nas chuvas nas cidades vizinhas ao sudeste de Paris, e até o momento elas têm ajudado a manter os níveis dentro do que é considerado apropriado para as competições.

O próximo dia de tensão para os organizadores deve ser o sábado, 27 de julho, quando é esperado um nível moderado de chuvas durante todo o dia em Paris. As provas no rio Sena começam três dias depois.

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