Natália Lara celebra narração das Olimpíadas em TV aberta: 'Construir base'

Natalia Lara está prestes a marcar o nome nos Jogos Olímpicos. A narradora vai integrar o time fixo da Globo para Paris-2024 e, com um largo sorriso, fala sobre a missão na TV aberta. Ela quer ajudar a quebrar preconceitos e pavimentar o caminho para uma futura geração de mulheres que desejam ingressas na locução esportiva, e conta que mudou a rotina nas redes sociais diante de críticas machistas.

Acho que esse momento que nós, mulheres na narração e no jornalismo esportivo estamos vivendo, está conseguindo construir uma base que [vai fazer] as próximas gerações, certamente, vir em um outro momento. Vão crescer conosco ali naturalmente, fazendo parte, ocupando esses espaços. Para mim, esse impacto já é o que vale a pena Natália Lara

Nas Olimpíadas de Paris, vai narrar as partidas da seleção brasileira feminina de futebol, e a estreia acontece nesta tarde, no duelo entre o time de Arthur Elias e a Nigéria. Além disso, estará a postos para o que mais for necessário. Modalidades que já foram contadas através da voz dela não faltam, e não se espanta com o que pode vir à frente. Ela foi um dos principais nomes do Sportv na transmissão dos Jogos Olímpicos de inverno de Pequim, em 2022.

"São 40 modalidades que eu narrei até agora, mas ainda tem algumas modalidades dentro dessa edição dos Jogos Olímpicos que não narrei. Com certeza, vão ter modalidades novas nessa minha caminhada, e com possibilidades grandes de atletas brasileiros. Esgrima eu nunca narrei, boxe, triatlo... Vamos nos aventurar. Vai ser muito divertido", disse.

Estou acostumada a fazer várias modalidades diferentes, então, sempre que entro em alguma modalidade nova, há uma resistência, algo que eu já estou considerando como natural. Mas estou sempre trabalhando para que a gente quebre esses preconceitos

Formada em Rádio e TV, Natália está no Grupo Globo desde 2021 — tem passagens por Rádio Gazeta, TV Cultura, DAZN e Canais Disney, e alguns pioneirismos no currículo. Por exemplo, foi a primeira mulher a narrar um jogo da NBA, liga de basquete dos Estados Unidos, na televisão brasileira, e a primeira da América Latina a ter a voz no game da Fifa.

A narradora salienta o estímulo e foco nas necessidades da comunicação na TV aberta. Natália ressalta que as transmissões da Globo são, para muitos, os contatos iniciais com alguns esportes da grade olímpica.

Com cada um desses eventos cresci muito profissionalmente, e acredito que vou crescer ainda mais. E tem um peso diferente, que é o peso da TV aberta. É nisso que eu estou focada, em como trabalhar com esse público mais abrangente. Muitas pessoas vão ver pela primeira vez, conhecer as modalidades. Quero que todos se emocionem, junto com a gente, com as histórias dos brasileiros

Natália Lara faz parte de um grupo de mulheres que desbravou espaços na narração esportiva nos últimos anos — que conta também com nomes como Luciana Mariano, Renata Silveira e Isabelly Morais. Na TV aberta para Paris-2024, ela quer ajudar às jovens que sonham em, um dia, ser a voz de eventos esportivos como este.

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Isso é um ponto interessante porque, quando comecei a narração esportiva, não tinha referências de mulheres. Eu tinha referências de mulheres jornalistas, apresentadoras, atletas, que foram construindo essa minha trajetória, mas [na narração] eu tive de me inspirar em referências masculinas e construir o meu estilo em cima do que eu gostava, do meu timbre de voz. Eu sempre fico focada, pensando muito no impacto positivo que a gente causa

O machismo que embasa os ataques virtuais que as narradoras recebem, o chamado 'hate', mudou a relação de Natália com as redes sociais. Ela se afastou da internet, e conta que se apega ao que pode fazer de positivo.

"Eu mudei muito a minha relação com essa questão de redes sociais, com críticas. Hoje em dia, basicamente, a minha estratégia é não olhar. Não olhar porque o que os olhos vão ver é o coração ou o senso, não é mesmo? (risos)", conta.

Foco na minha parte, em fazer as coisas do jeito que eu acredito que vão impactar positivamente, e sempre que recebo comentários legais de pessoas que vêm falar comigo, amigos, família, pessoas que estão me acompanhando, eu acho que é nisso que eu tenho que me ater

O que mais ela disse?

Como foram esses últimos dias? "Brincamos aqui [na Globo] que a palavra certa para descrever não é 'animado', é 'ansioso', porque realmente está batendo à porta. Toda a preparação que fizemos durante todos esses meses, todos esses anos...Na verdade, penso que a minha preparação já vem desde a última Olimpíada, então acho que chego melhor preparada agora".

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