Por que 17º lugar de brasileiro líder do ranking mundial não é um desastre

Marcus Vinícius D'Almeida competiu com uma distinção mais que especial no ranqueamento do tiro com arco, nesta quinta-feira (25), em Paris: a seu lado, havia um cartaz que dizia "Número 1 do Ranking Mundial".

Melhor arqueiro do mundo em 2023, D'Almeida é considerado um dos favoritos ao pódio nos Jogos Olímpicos, mas não foi além do 17º lugar na classificação do primeiro dia.

Pode, à primeira vista, parecer um desastre. Mas há fatores que mostram que o resultado não é um fiasco, como o próprio D'Almeida explicava depois da prova.

O ranqueamento é uma fase não eliminatória, que serve apenas para classificar os arqueiros para os confrontos da fase decisiva, que começa na terça-feira (30). Depois de 72 flechas para cada atleta, é criada uma chave, como nos torneios de tênis: o 1º do ranqueamento enfrenta o 64º, o 2º pega o 63º.

No "mata-mata" os atletas competem em partidas de 1 contra 1, novamente com 72 flechas para cada. A pontuação do ranqueamento não é considerada — todos começam de zero.

No caso de Marcus Vinícius D'Almeida, a 17ª colocação significa enfrentar o 48º no ranking: o ucraniano Mykhailo Usach, que não tem resultados expressivos na carreira. Um adversário mais complicado viria apenas num evento duelo de oitavas de final: o sul-coreano Woojin Kim, líder do ranqueamento e segundo no ranking mundial.

O discurso do brasileiro não é de preocupação: ele classificou o resultado como semelhante a "um dia ruim de treino" e gostou de ter acertado praticamente todas as flechas no centro do alvo, marcando entre 9 e 10 pontos; apenas duas das 72 tentativas foram para 8 pontos.

"Às vezes um vacilo te tira lá do topo, como aconteceu algumas vezes comigo. Mas no meu caso, hoje eu sempre estive bem próximo do centro. Eu fiz pouco 10, essa é a verdade, mas passei muito perto", disse.

Melhor desempenho olímpico

Os 673 pontos no ranqueamento são o melhor desempenho olímpico do arqueiro. No Rio-2016, ele foi 34º colocado com 658 pontos; em Tóquio-2020, terminou em 40º, com 651.

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Nos dois casos, a posição muito baixa no ranking colocou rivais mais fortes no caminho logo nas primeiras fases da chave eliminatória, o que não deve ser o caso em Paris.

Além da pontuação superior às participações anteriores, há um fator técnico da modalidade: o brasileiro é conhecido como um especialista em fases eliminatórias, quando o atleta tem como único objetivo pontuar mais que o adversário, adaptando-se ao desempenho do rival e podendo dar tiros mais "seguros" em determinados contextos.

Classificação na dupla mista

Apesar do resultado distante dos líderes, D'Almeida diz ter conseguido o objetivo final do dia: colocar o Brasil pela primeira vez na disputa pelas medalhas nas duplas mistas.

Os pontos dele, somados aos de Ana Luiza Caetano (19ª colocada no ranqueamento feminino), colocaram a dupla na décima colocação da disputa. Os brasileiros vão enfrentar a equipe mexicana, que acabou em sétimo lugar.

A disputa mista acontece na sexta-feira (2), também no formato eliminatório, mas começando já nas oitavas de final.

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