Ataques atingem trens na França e forçam adaptação de planos das Olimpíadas

Os trens de alta velocidade da França sofreram ataques incendiários de vândalos durante a madrugada do dia da abertura das Olimpíadas. Embora longe de Paris, os incidentes tiveram impacto na organização nos Jogos em relação ao transporte e ao clima de apreensão para a cerimônia no Rio Sena.

O governo francês e os organizadores de Paris-2024 informaram que serão feitos novos planos para transportar atletas e envolvidos nos Jogos. A cerimônia de abertura acontecerá "nas melhores condições possíveis", segundo informação do Comitê Organizador.

Os ataques atingiram principalmente as linhas de TGV que ligam Paris às áreas do Atlântico, Leste e Norte. Os bombeiros tiveram de apagar incêndios e técnicos precisaram lidar com o impacto nas linhas. Houve atrasos e interrupção de serviços de trens durante horas.

Um exemplo do impacto foi a seleção brasileira feminina de futebol que demorou 5h30 em sua viagem de Bordeaux para Paris. Normalmente, o trajeto demora entre duas e três horas. Bordeaux é uma das sedes do futebol, onde o Brasil jogou pela primeira rodada. Agora, irá a Paris enfrentar o Japão.

Outros atletas foram afetados, segundo o Comitê Organizador. A região de Lille, ao norte, também teve impacto dos ataques. E a cidade recebe a primeira fase do basquete.

Fora os atletas, houve um impacto para a população. No total, a estimativa era de que 250 mil pessoas seriam afetadas. Foram vistas cenas de acúmulos de pessoas à espera de seus trens nas estações de Montparnasse, Gare de Lyon e Gard du Nord.

O governo francês prometeu um novo plano de transportes nesta tarde (26) para ajustar a falta dos trens. "Em relação aos eventos ocorridos de manhã nas cidades cujos serviços ferroviários foram impactos pelo incidente, nós estamos ativamente trabalhado para adaptar nosso plano de transporte de atletas e participantes envolvidos", disse o Comitê Organizador de Paris-2024.

Apesar disso, o ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, afirmou que os atos não tiveram "consequências diretas na organização dos Jogos Olímpicos". Alegou que seus trens não foram impactados ou foram substituídos. Mas o próprio comitê Paris-2024 confirmou que estão em curso adaptações aos planos de transporte para outras cidades.

Ataques coordenados

Logo após os ataques, o governo francês informou que estava claro que havia sinais de coordenação nos ataques. Todos os elementos que temos mostram claramente que foi intencional: a concomitância dos tempos, carros encontrados com pessoas que fugiram, dispositivos incendiários encontrados no local. Tudo indica que se trata de incêndio criminoso", disse Patrice Vergriete, ministro de Tranportes.

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Na sequência, o governo realizou uma reunião de crise com participação do primeiro-ministro Gabriel Attal. A intenção era analisar os efeitos na segurança e transporte, além de criar um plano alternativo.

Além disso, o Ministério Público Francês começou a investigar para descobrir os autores dos ataques. Nenhum grupo tinha assumido. Os responsáveis podem enfrentar penas de até 15 anos e multas de 300 mil euros.

O primeiro-ministro da França, Gabriel Attal, qualificou os atos como "sabotagem" e indicou que seriam "coordenados e preparados". Ele disse que mobilizou os serviços de inteligência para "encontrar e punir" os autores.

Chegou a haver uma tensão em relação à abertura das Olimpíadas quando organizadores cancelaram uma entrevista coletiva sobre o evento. Mas, posteriormente, foi confirmado pela prefeitura de Paris e por organizadores de Paris-2024 que a cerimônia estava mantida.

Dentro de Paris, o sistema de transporte funciona normalmente com algumas restrições relacionadas aos bloqueios da cidade por causa da abertura no rio Sena, que já estavam previstas com antecedência.

Alerta de bomba em aeroporto

O aeroporto de Basileia-Mulhouse, na fronteira entre a França e a Suíça, foi evacuado, devido a um alerta anônimo de bomba.

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"Por questões de segurança, o terminal foi evacuado e está atualmente fechado", afirmou o aeroporto, em nota. Todos os voos foram suspensos, informou o comunicado.

Forte esquema de segurança

No dia da abertura, Paris está sob forte esquema de segurança. Há um total de 45 mil policias, 10 mil soldados e cerca de 2 mil agentes privados para segurança da cidade.

É possível ver policiais armados com fuzis na maior parte de estações de metrô e ocorrem súbitas evacuações das linhas. Os bloqueios em Paris começaram há 11 dias e se intensificaram seis horas antes da abertura.

Isso porque a cerimônia, de forma inédita, ocorrerá ao ar livre no rio Sena. Os atletas irão desfilar em cerca de 80 barcos. Por isso, há uma necessidade de isolamento e maior segurança para o local.

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