Cinquenta e oito: o número mágico de Rebeca Andrade

Rebeca Andrade faz sua estreia nos Jogos Olímpicos de Paris, neste domingo (28), com um número mágico em mente: 58 pontos. Em uma competição que promete ser muito longa, se ela repetir um desempenho nessa casa três vezes, nas eliminatórias, na final por equipes e na final do individual geral, tem tudo para voltar da França como a maior medalhista da história do país.

"A gente tem um número, uma janela, que é 58. O 58 coloca a Rebeca bem na final e ajuda muito a equipe. A gente precisa que esse número caminhe mais consistente. Não adianta 58, 59, depois 56, 57, porque isso atrapalha um pouco o planejamento. Ela precisa saber que, se ela teve uma falha na trave, não pode levar essa carga emocional para o solo, por exemplo", diz o técnico Francisco Porath, o Xico.

A equipe brasileira abre a Olimpíada às 16h (de Brasília) deste domingo com quatro atletas se apresentando em cada aparelho. Pela ordem: salto, paralelas assimétricas, trave e solo. Para cada aparelho, a pior nota entre as quatro apresentações é descartada para a pontuação da equipe.

Candidato à medalha, o Brasil só não avança à final por uma catástrofe, entre os oito primeiros. Rebeca também deve avançar sem sustos para a final do individual geral, que considera a soma do desempenho delas nos quatro aparelhos, e que deve ter a linha de corte bem mais abaixo.

A chave do sucesso será dosar para que Rebeca tenta o melhor desempenho possível sem correr riscos, conseguindo também a classificação para as quatro finais por aparelhos. Para isso, precisa estar entre as oito melhores notas das eliminatórias em cada um deles.

"A gente tem uma certa vantagem, que é estar no último grupo. Existe aquela coisa de você já vai ter visto todo mundo, quem saiu, quem entrou. Mas você não competiu ainda, então essa vantagem é relativa. Porque saber quem acertou, quem errou, pode gerar uma pressão, você vai pensando que tem mais ou menos chance de pegar essa final. Então a gente tem que estar bem preparado", analisa Xico.

Todos os olhares estarão na segunda de cinco rotações, por volta das 11h30 locais (6h30 de Brasília), quando competem China, Itália, EUA e estrela Kaylia Nemour, francesa que compete pela Argélia e é candidata a ganhar algumas medalhas. Após essas apresentações será possível já ter uma visão clara do que será necessário para se classificar a cada final por aparelhos.

Mas o domingo será só o primeiro de seis dias de Rebeca competindo. Se tudo sair como planejado, ela volta para a final por equipes (terça), do individual geral (quinta) e por aparelhos (sábado, domingo e segunda).

Na quinta (25), no treino de pódio, Rebeca já apresentou novidades. Não fez o seu novo salto, o Yurchenko twist, que ela pretende que se chame Andrade, mas colocou uma nova conexão na prova de salto, uma nova saída na trave e outra nas assimétricas, que também ganharam nova conexão. De 0,2 em 0,2, a expectativa é que ela ganhe até mais 1,0 em nota de partida.

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Já para Flávia Saraiva a conta é um pouco mais baixa: 56 pontos. A meta é passar entre as seis primeiras, para estar na mesma rotação das candidatas ao pódio. Em outras palavras: competir na trave quando Biles e Rebeca estiverem na trave, no solo quando Biles e Rebeca estiverem no solo, etc.

Por dois motivos. Um, estar disputando ponto a ponto a medalha, diretamente. E, dois, poder competir acompanhada do seu treinador pessoal, Xico, que estará na rotação em que Rebeca estiver. Se for a mesma das duas, melhor.

"Eu sempre falo para a Flávia a gente tem que trabalhar, claro que é muito difícil, para ela estar no primeiro grupo. O treinador não pode estar em dois lugares ao mesmo tempo, então é bom quando elas entram no mesmo rodízio. Tem a questão da segurança nas paralelas, a marca do salto, que a meninas às vezes gosta que eu coloque. Então é importante se eu puder estar lá", explica Xico. Se as rotações forem distintas, aí Flavinha será acompanhada de Irina Ilyashenko, técnica ucraniana há anos no Brasil.

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