Atentados, mortes, política: 7 fatos marcantes na história das Olimpíadas

As Olimpíadas de Paris 2024 começam oficialmente nesta sexta-feira (26), em meio aos conflitos entre Rússia e Ucrânia e Israel e Hamas. Antes mesmo do início, as tensões no Leste Europeu e no Oriente Médio têm impactado o evento com esquema de segurança reforçado e ações punitivas às delegações russas e bielorrussas, que disputarão os Jogos por equipes neutras e sem direito às bandeiras dos países ou hinos.

A história dos Jogos Olímpicos é marcada não só pelas competições esportivas, mas também pelo impacto do contexto internacional e por manifestações políticas.

Momentos históricos dos Jogos

As Olimpíadas de Berlim em 1936 foi emblemática pelo uso político do nazismo e pelo desempenho de um atleta negro. Os Jogos de Berlim foi uma jogada de propaganda do regime nazista, liderado por Adolf Hitler, para projetar a imagem de união, força e suposta superioridade racial. Porém, o desempenho de Jesse Owens, atleta negro dos Estados Unidos, que ganhou quatro medalhas de ouro no atletismo, foi um golpe simbólico para as pretensões de Hitler.

Não houve Jogos Olímpicos em 1940 e em 1944 por causa da Segunda Guerra Mundial (1939-1945). O conflito teve a Europa como palco principal, mas impactou países em diversos continentes.

Os Jogos Olímpicos de Melbourne em 1956 foram marcados por boicotes e sangue na água. Egito, Iraque e Líbano boicotaram o evento em protesto à invasão israelense do território egípcio da Península do Sinai. A China não foi ao evento após o Comitê Olímpico Internacional (COI) reconhecer a delegação de Taiwan. Espanha, Suíça e Países Baixos também não compareceram, em protesto contra a invasão soviética da Hungria. As tensões no Leste Europeu aumentaram durante os Jogos e resultaram numa briga entre atletas da União Soviética e da Hungria durante uma das semifinais do polo aquático. Esse episódio ficou conhecido como "banho de sangue em Melbourne".

As Olimpíadas da Cidade do México em 1968 ficou marcada pelo gesto do movimento Black Power. Dois corredores norte-americanos, Tommie Smith e John Carlos, subiram ao pódio para receber as medalhas de ouro e de bronze dos 200 metros rasos. Durante a execução do hino dos Estados Unidos, eles ergueram os braços para o alto, com os punhos cerrados, num gesto identificado com a luta por direitos dos negros. Por decisão do COI, que proíbe manifestações políticas, os dois atletas foram expulsos do evento. E a imagem deles com os punhos erguidos entrou para a história.

Os Jogos de Munique em 1972 ficou na história por causa do atentado terrorista da organização palestina Setembro Negro contra atletas israelenses. Dois foram mortos imediatamente e nove foram feitos reféns. O grupo exigia a libertação de cerca de 250 palestinos presos em Israel. No final, morreram 18 pessoas, sendo 11 israelenses, cinco terroristas, um policial e um piloto. Os Jogos ficaram suspensos por 34 horas, mas, por decisão do COI, foram retomados.

Já as Olimpíadas de Atlanta em 1996 ficaram marcadas por um atentado terrorista doméstico à bomba perpetrado pelo extremista americano Eric Robert Rudolph. A explosão no Centennial Olympic Park, próximo à Vila Olímpica, deixou dois mortos e mais de 100 feridos. O responsável pelo ataque, Eric Robert Rudolph, foi capturado apenas em 2003 e foi condenado à prisão perpétua. Ele alegou que o atentado foi motivado pela luta antiaborto e anti-LGBTQIA+.

A mistura de esporte e política

As Olimpíadas reúnem milhares de atletas de centenas de países para disputar jogos de dezenas de modalidades numa determinada cidade como sede principal a cada quatro anos. Nesse período as atenções do mundo se voltam para o megaevento. E o contexto internacional impactam no evento, assim como as questões sociais vividas por cada atleta.

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Esse discurso de que política e esporte não se misturam não existe, visto que governos ou Estados usam as Olimpíadas como ferramenta para projetar imagem, o evento em si reforça o sentimento nacionalista e também é um palco para atletas se manifestarem em defesa de determinados direitos sociais, avaliou Márcio Scalercio, professor de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

As Olimpíadas são transmitidas para todo o mundo e qualquer coisa [gesto, atitude ou declaração] que saía um pouco do normal é alvo de manchetes e conversas mundo afora. Além disso, muitos desses atletas acabam se vendo como portadores de ideias nacionalistas. Márcio Scalercio, professor de Relações Internacionais da PUC-RJ

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