Natação: Como escândalo de doping criou 'guerra fria global' contra a China
As provas de natação nas Olimpíadas de Paris começam neste sábado (27), mas a rivalidade entre os atletas já está alta, especialmente contra os chineses. Isso porque as delegações das demais nacionalidades não estão confortáveis em dividir a piscina com atletas da China após Agência Mundial Antidoping (WADA) inocentar 23 atletas de um possível doping.
O que aconteceu
Os nadadores foram liberados para competir mesmo após serem pegos no doping em 2021 por uso de trimetazidina. O jornal norte-americano New York Times revelou o escândalo em abril deste ano.
Os exames aconteceram durante uma competição nacional, e 11 dos 23 chineses disputaram as Olimpíadas de Tóquio meses depois. Segundo a Agência Antidopagem da China, a concentração da substância era "extremamente baixa" e fruto de uma contaminação por comida.
A WADA foi notificada, analisou o caso, mas afirmou que não estava em posição de refutar a decisão da agência chinesa. A decisão incomodou a Agência Antidoping dos EUA (USADA), que acusou tanto a WADA quanto a autoridade chinesa de "esconder atletas positivos".
Quando você descarta sua retórica, os fatos permanecem como foram relatados: a WADA não suspendeu provisoriamente os atletas, desqualificou os resultados e divulgou publicamente os aspectos positivos. Essas são falhas flagrantes, mesmo se você acreditar na história de que se tratava de contaminação e que uma droga potente 'apareceu magicamente' em uma cozinha e levou a 23 testes positivos em nadadores chineses de elite. Travis T. Tygart, CEO da USADA, no X, antigo Twitter
O descontentamento voltou à tona com a chegada das Olimpíadas de Paris e ganhou apoio de atletas de diversas nacionalidades. Os chineses estão entre as potências da natação, assim como Estados Unidos, Inglaterra e Austrália.
Tudo o que fazemos para competir em um campo de jogo nivelado, é extremamente frustrante não ter a fé de que os outros estão fazendo o mesmo. Lilly King, nadadora dos EUA e bicampeã olímpica
Não acredito [que estamos em um campo de jogo nivelado]. Não acho que nos deram evidências suficientes para sustentar a forma como o caso foi tratado. Caeleb Dressel, nadador dos EUA e heptacampeão olímpico
Eu espero que todos aqui estejam competindo limpos. Mas o que realmente importa também é: eles estavam treinando limpos? Então, realmente, esperançosamente, espero que tenha sido o caso. Espero que tenha havido até testes em todo o mundo. Katie Ledecky, nadadora norte-americana e heptacampeã olímpica
Eu sou um atleta limpo e estou tentando seguir as regras. Só espero que meus adversários façam o mesmo. Zac Stubblety-Cook, nadador australiano e campeão olímpico
Como atleta, você deseja ser tratado de forma justa, ter total transparência e garantir que, nesses casos, esses resultados [teste positivo] não sejam ocultados e não sejam mantidos em segredo. Muitos nadadores estão muito desapontados com a Wada. Adam Peaty, nadador inglês e tricampeão olímpico
O chinês Qin Haiyang, envolvido no polêmico doping, rebateu os questionamentos e afirmou que europeus e norte-americanos se sentem ameaçados pelos nadadores da China. Ele é o recordista mundial dos 200m nado peito.
Isso prova que as equipes europeias e norte-americanas se sentem ameaçadas pelas atuações da equipe chinesa nos últimos anos. Alguns truques visam perturbar nosso ritmo de preparação e destruir nossa defesa psicológica! Mas não temos medo. Qin Haiyang
Quando se tem a consciência tranquila, não se teme difamação. Eu e meus colegas de equipe vamos resistir à pressão e conquistar mais medalhas para silenciar os céticos!
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