Paris abre suas Olimpíadas após gastar R$ 10 bilhões a menos que a do Rio

As Olimpíadas de Paris-2024 terão a sua abertura, nesta sexta-feira (26), à beira do Rio Sena. Há oito anos o Rio de Janeiro tinha sua estreia com um Maracanã lotado. Enquanto o Sena está aí desde que o mundo é mundo, o Maracanã foi reformado por mais de R$ 1 bilhão para a Copa, e aproveitado para as Olimpíadas.

São dois eventos simbólicos de como, nos Jogos de Paris-2024, mudou-se a lógica dos custos para organizar as Olimpíadas.

O evento francês inverteu a lógica de aumento de gastos a cada nova edição: a estimativa é que Paris-2024 custou 9 bilhões de euros, ou R$ 54,5 bilhões na conversão. No Rio de Janeiro, o valor, corrigido pela inflação, foi de R$ 63 bilhões — a cifra original era de R$ 43 bilhões, segundo o levantamento do TCU.

O gasto com o Maracanã nem está nessa conta, já que entrou no orçamento da Copa. Metade do dinheiro saiu do dinheiro privado, e outra metade, de recursos públicos. Para isso, foram feitas diversas PPPs (Parcerias Público Privados). O Rio-2016 até usou algumas instalações provisórias e renovações, mas não no nível da capital francesa.

Para Paris-2024, foram apenas duas instalações novas, a Arena Aquática, para saltos ornamentais, polo aquático e nado artístico. Além disso, há a Adidas Arena, para a ginástica rítmica.

Houve reformas em instalações antigas, como a Bercy Arena, que abrigará a ginástica artística e o basquete. A instalação existe desde 1984 e recebe shows e torneios de tênis. No total, Paris gastou 4,5 bilhões de euros em instalações esportivas. O restante foi para operações dos Jogos.

É possível perceber que houve cortes em detalhes. Um exemplo são os brindes. Mesmo passagens gratuitas para credenciados foram compensados com aumento de passagens para turistas no sistema de transporte.

A comparação de Paris-2024 com Tóquio gera uma discrepância ainda maior. O custo estimado do evento japonês foi de US$ 13 bilhões (R$ 73 bilhões). E a diferença também é maior para Londres-2012, com gasto total de US$ 15 bilhões (R$ 85 bilhões). Nenhum deles chega perto da China. Pequim-2008 teve a edição mais cara da história.

Essa redução, porém, não aconteceu porque o COI (Comitê Olímpico Internacional) ficou bonzinho com organizadores. A pressão da opinião pública, com um aumento de críticas por gastos em grandes eventos, obrigou o comitê a incluir a sustentabilidade entre suas diretrizes — chamada de Agenda 2020+5.

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Era preciso tornar os Jogos baratos. É só observar a atitude dos franceses. Em uma pesquisa de junho, 36% se disseram indiferentes aos Jogos, e outros 24% preocupados, e um grupo de 5% com raiva. Há ainda os 23% que se sentem satisfeitos. O que há de certeza: o escrutínio do país sede é cada vez maior.

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