Como Arthur Elias encontrou nova função para Marta em sua última dança

Em sua despedida da Copa do Mundo, Marta jogou apenas uma partida como titular, não fez gol e produziu pouco ofensivamente em um time que priorizava a defesa. Em seu adeus aos grandes palcos, nas Olimpíadas de 2024, Marta estreou como titular, deu um passe para gol e faria outro se não fosse um impedimento por centímetros.

Há uma explicação: o técnico Arthur Elias buscou um novo posicionamento para Marta, atuando mais pela faixa central. Pode ser descrito como uma posição de ?falsa nove?ou de ponta-de-lança por trás das atacantes.

Mais do que isso, não dá para dizer que o time corre por ela porque exige-se esforço de todas. Mas é certo que há uma dinâmica para potencializar o jogo de Marta. Diante do Japão, na segunda rodada das Olimpíadas, ela completará 200 jogos se entrar em campo.

"Eu penso que a Marta tem que jogar sempre em uma faixa mais central do campo. Mas, claro, em alguns momentos que a gente sofreu, e ela sabia que ia demorar a encontrar os caminhos, para que chegasse nela e Gabi Nunes. Aí ela passou a ter a movimentação para jogar?, explicou Elias.

"Ela precisa jogar. Ela é uma atleta, todas elas de meio-campo, meio-campo para frente. Precisam estar com a bola para se sentir bem. Ela tem essa genialidade de achar um passe muito bom para o gol da Nunes. Com presença de área, a Marta vai jogar comigo na faixa mais central e ter liberdade. E com uma equipe muito coordenada para ele e eficiente.?

Aos 38 anos, obviamente, Marta não tem a mesma mobilidade de sua fase jovem. Mas o sistema exige de todos os jogadores que se sacrifiquem na marcação. A diferença é justamente garantir que a bola passe mais pelo pé da camisa 10.

?Na verdade, é um grupo só. Todo mundo tem que correr. Ela também também tem que correr. E está indo super bem. Marta é seis vezes melhor do mundo. Ela é diferenciada. Tem que fazer a bola passar mais por ela. É superimportante ela pegar mais na bola, ela se movimentar. Mas todo mundo está se sacrificando?, explicou Gabi Portilho.

Atuando na ponta direita, a jogadora tem uma movimentação dinâmica associada a Marta e a outras duas atacantes, Gabi Nunes e Ludmilla. Esta última atua como ponteira pela esquerda.

Mas não há garantia de que a escalação e formação vistas contra a Nigéria vão se repetir diante do Japão. O técnico Arthur Elias tem a característica de adaptar seu time para bloquear pontos fortes e aproveitar fragilidades dos rivais.

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"São diferentes em relação à Nigéria. Tanto como para atacar, quanto para poder defender. Uma equipe com muita dinâmica de jogo. Jogadores se aproximam demais, se mexe no lado da bola, mas como o oposto?, contou Arthur Elias. "Estão conscientes do que precisa evoluir, e da diferença do jogo do Japão.?

Não se sabe como será o resultado diante de dois adversários fortes como Japão e Espanha. Mas é certo que se vê uma Marta diferença também fora de campo. Na eliminação, ela falou: "Termino aqui, elas continuam".

No sábado, em Paris, o que se via era uma Marta que não tinha acabado, que entrou sorridente para treinar, que brincava com as companheiras na roda do bobo, que achou uma nova música para sua última dança.

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