Quem é o 'garoto da ilha' que pode atrapalhar sonho do Brasil no surfe?
Guilherme Dorini
Colaboração para o UOL
27/07/2024 05h30
Você pode até não ter ouvido falar em seu nome, mas não se surpreenda se Kauli Vaast, surfista taitiano que compete pela França, sair das Olimpíadas com uma medalha no peito. A competição será disputada em Teahupoo, na Polinésia Francesa, onde ele cresceu. E sua conexão com as ondas é inigualável.
Início precoce no surfe
Kauli começou a surfar aos quatro anos, incentivado pelo pai. Com um nome havaiano que significa "o que vai para o oceano", seu destino parecia estar selado desde o início. Aos seis anos, Vaast já surfava sozinho e, aos oito, já enfrentava pela primeira vez as ondas de Teahupoo, que botam medo até mesmo em experientes surfistas - não à toa é conhecida como "o mar que quebra crânios".
Carreira competitiva
Desde cedo, Vaast se destacou nas competições locais, conquistando sua primeira vitória aos oito anos. Essa conquista o levou a treinar e competir na França, onde continuou a construir sua carreira no surfe profissional.
Apesar de nunca ter sido um integrante do Circuito Mundial, Kauli pôde estrear em casa, na etapa de Teahupoo, como atleta convidado, em 2019. Em sua primeira aparição, avançou até a quarta rodada, um desempenho notável para alguém fora da elite do surfe.
Em 2022, alcançou seu melhor resultado: Vaast abusou da profundidade dos tubos para ser vice-campeão, deixando para trás até mesmo a lenda Kelly Slater, considerado um dos melhores da história naquela onda.
No ano seguinte, continuou a mostrar sua consistência ao conquistar o quinto lugar, consolidando seu status como um dos grandes talentos locais. A cada ano, Kauli Vaast solidifica sua conexão com Teahupoo.
Entubando de capacete
Um outro fator torna Kauli diferente da maioria dos surfistas: é um dos poucos que usa capacete durante suas sessões, especialmente em Teahupoo e outras ondas pesadas. "Eu definitivamente me sinto mais confiante com ele. Você pode se machucar muito lá fora e, até agora, tive a sorte de não bater no recife com o capacete, mas nunca se sabe quando isso pode acontecer", disse em uma entrevista recente à revista Stab.
Vida fora das competições
Kauli Vaast valoriza profundamente suas raízes e mantém uma forte conexão com sua vida no Taiti. Fora das competições, ele dedica seu tempo à pesca e ao surfe com amigos e familiares. "Sou apenas um garoto da ilha", costuma dizer Vaast, refletindo seu apego às suas origens.