'Sete horas chorando de dor': uma apendicite quase a tirou das Olimpíadas

Faltavam duas semanas para as seletivas olímpicas quando Stephanie Balduccini recebeu uma notícia bombástica: ela estava com apendicite e precisava de cirurgia. Ela investigava uma dor forte há cinco meses, mas só às vésperas de algo tão importante obteve o diagnóstico.

"Após quase um ano treinando nos EUA, estava muito bem, conseguindo conciliar meus treinos com a faculdade de administração, o desempenho estava legal e eu tinha consciência disso. Eis que chega novembro de 2023 e uma dor incontrolável tomou meu corpo", disse com exclusividade para o UOL.

Amigos a levaram para o hospital vomitando de dor. A suspeita era endometriose. A dor passou e voltou no mês seguinte, nas vésperas de uma viagem que ela tinha marcada para o Brasil.

Desta vez, passei sete horas deitada no chão do banheiro porque não tinha ninguém para me levar ao hospital. Foi horrível, Stephanie Balduccini

Como a dor vinha uma vez por mês, a suspeita era que estava relacionada ao seu ciclo menstrual. Em janeiro, fevereiro e março ela não sentiu nada, achou que tinha melhorado. Até que em abril, faltando duas semanas para as seletivas olímpicas, o incômodo voltou com tudo.

"Pensei que finalmente tinha me livrado da dor. Tomei um iogurte e fui malhar. Pouco depois, aquela tortura voltou com tudo. Passei a noite virada no celular, chorando com a minha mãe, porque não queria voltar ao hospital para passar horas lá sem soluções", relembra Stephanie.

Ela tinha tentado todo tipo de medicamento e nenhum tirava a dor. O médico de sua equipe de natação dos EUA aplicou duas injeções para ajudá-la, o que acalmou o mal estar - mas por pouco tempo.

"Decidi jantar com as minhas amigas, assim eu me distrairia e não estaria sozinha. Lá, eu comecei a ter uma febre tão alta que quase convulsionei. Era a dor, acho que misturada com ataque de pânico", diz. Uma amiga a levou para o hospital e, quando nem morfina funcionou, os médicos desconfiaram de apendicite.

E o sonho Olímpico?

Com o diagnóstico, foi apresentado a ela duas opções: tentar tratar com antibiótico ou operar. Mas às vésperas das seletivas, ela escolheu a medicação. "Era a única opção para nadar a seletiva. Eu estava muito confiante, alcançando marcas inéditas na minha carreira. Estava no ponto que sempre quis", diz.

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Ela nadou as seletivas sob efeito de antibiótico e garantiu as vagas que queria: revezamentos 4x100m, 4x200m livre e 4x100m medley misto.

"Não foi nem perto do que queria. Nadei sob o efeito de antibióticos, tratando infecção e com dores esporádicas, o corpo não responde como você quer. Depois da competição no Rio, fui para São Paulo e fiz a cirurgia - era inevitável", conclui.

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