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Brasil tem a 'chance perfeita' de entrar em hall de gigantes da ginástica

Seleção brasileira feminina de ginástica artística nas Olimpíadas de Paris 2024 Imagem: RICARDO BUFOLIN / CBG

29/07/2024 17h00

O Brasil tem uma chance histórica de entrar para o hall das grandes potências da ginástica artística feminina, nesta terça, a partir das 13h15 de Brasília. Talentos de três gerações diferentes estão unidas em busca da primeira medalha do país na competição por equipes da Olimpíada, a mais importante do esporte.

Para o quadro, todas as medalhas são iguais, mas dentro do esporte ninguém nega haver uma hierarquia. E no topo dela está a prova por equipes. Um país periférico na ginástica pode até ter um talento pontual, como o Brasil teve Daiane dos Santos e a Argélia tem Kaylia Nemour, mas para chegar a uma medalhas por equipes é preciso muito mais.

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"Eu acho que a gente tem a chance, que eu não sei se teremos novamente, de juntar atletas tão boas e poder disputar realmente uma medalha por equipes", diz o técnico Francisco Porath, o Xico. No último meio século, só EUA, China, Rússia/URSS, Romênia, Alemanha Oriental e Grã-Bretanha subiram ao pódio.

A oportunidade é única porque hoje o Brasil tem a segunda melhor ginasta do mundo (Rebeca Andrade), uma das candidatas ao posto de terceira (Flávia Saraiva) e três atletas regulares, de gerações diferentes, que se completam.

Jade Barbosa, aos 33 anos, é o porto seguro. Estaria na final do individual geral se não houvesse limite de duas atletas por país. Julia Soares, de 18, a caçula, já está em sua primeira final olímpica individual, na trave, e tem ótimo solo. Lorrane Oliveira, 26, pontua bem no salto e nas assimétricas.

O time é o mesmo que disputou o Mundial do ano passado e conquistou a medalha de prata. Repetir a escalação, aliás, é um também um feito incomum. O Brasíl é um país que não tem um grande número de ginastas de ponta, como EUA, China, Itália ou Grã-Bretanha, e em diversas ocasiões já sofreu por isso. Não se classificou a Tóquio-2020 com equipes por causa disso, aliás.

Rebeca, Flávia, Jade, Lorrane e Julia não são só as melhores do país individualmente, são também o que o Brasil tem de melhor como time. "A gente se conhece bastante, a gente se ajuda. Como a gente treina praticamente todos os dias juntas, todo mundo ali sabe o que a outra precisa. Isso para a gente é muito importante. E eu queria muito estar na Olimpíada com a equipe", comentou Rebeca antes da viagem.

"A gente tá repetindo a mesma equipe. A mesma ordem, o mesmo tudo. Então, a gente pode juntar todas elas e falar assim: 'Calma, vocês já competiram assim, vocês já competiram agora na classificatória, vocês têm experiência em saber como é que uma arruma paralela pra outra. E tudo isso faz realmente a diferença", diz Xico.

Se os EUA competirem no mesmo nível das eliminatórias, levarão mais um ouro para casa. Mas a briga por prata e bronze deve ser parelha, envolvendo China, Itália e Brasil. Na primeira fase, as três pontuaram na casa de 166 pontos, separadas por 0,362.

O Brasil é quem tem maior margem de crescimento. Nas eliminatórias, Flavinha caiu na trave e fez uma série bem mais simples no solo. Além disso, Rebeca teve uma falha notável nas assimétricas, e pontuou pelo menos 0,4 abaixo do que pode.

"Se você for pensar hoje numa Flávia fazendo uma trave como ela poderia ter feito, exceto pela pequena falha antes do final da série dela, e fazendo um solo como ela pode, ela pode subir a nota da equipe", reconhece o treinador.

Nas eliminatórias, quatro atletas se apresentam, e a pior nota é descartada. Na final, são só três apresentações, e todas valem. Se alguém cair, ficar nervosa, cair de novo, e tirar uma nota baixíssima, aquilo vai para a soma. Xico vê como ponto positivo para o Brasil a experiência do time, que tem regularidade mesmo quando erra.

"Aí isso vai dando confiança paraa gente atingir os números que a gente quer. A Rebeca não tirou 14,800, 14,900, 15 na paralela, mas ela não tira 13. Ela consegue asalvar a série, entendeu? Então essa experiência pesa em uma final por equipes, onde você não pode falhar", avalia o treinador.

A CBG ainda vai anunciar a escalação para a final. O mais provável é que o Brasil tenha Flávia e Rebeca em todos os aparelhos, Jade no salto, Julia na trave e Lorrane nas paralalelas. A dúvida é no solo: Jade e e Julia tiveram a mesma nota nas eliminatórias.

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