Calendário de provas e filmagem das Olimpíadas mudam para combater machismo
O COI (Comitê Olímpico Internacional) alterou o calendário de provas para os Jogos de Paris-2024 para tentar igualar a exposição entre as provas femininas e masculinas. Além disso, a empresa oficial de filmagem do evento tem feito esforços para mudar as transmissões e excluir ângulos que sexualizam as mulheres.
Essas medidas fazem parte de uma cruzada do COI para tentar uma equidade maior do tratamento dos gêneros, isto é, um machismo histórico do esporte olímpico.
Tanto que virou uma bandeira do Comitê Olímpico que esses serão os primeiros jogos com paridade no número de mulheres e homens.
"Começa com a abertura: você olha o desfile, 96% das delegações tinham uma mulher e homem como porta-bandeiras. Na França, teve duas mulheres. Abertura com as rochas de Ted Renier e Marie-Jose Perec. Todos esses são símbolos", afirmou a diretora de desenvolvimento do COI, Marie Sallois.
No programa olímpico, houve alternação de programação que historicamente privilegiava os homens. A última prova de Paris-2024, a mais tradicional delas a maratona, terá o fechamento com as mulheres, e não com a de homens como antes.
Esportes de alta visibilidade, como o basquete, terão a final feminina depois das masculinas, ao contrário de edições anteriores. Acabou a lógica de deixar provas femininas para manhã e masculinas, para uma tarde que é mais nobre.
"O conteúdo de esportes tinha que refletir (essa paridade). Primeiro tinha a competição de mulheres antes e depois nas finais eram sempre as masculinas. Fizemos que o programa central ser o mais igual o mais possível. O último evento é tradicionalmente a maratona dos homens. Aqui será das mulheres. Finais haverá as mulheres depois como ocorre com basquete", contou Yiannis Exarchos, diretor da OBS (emissora oficial de transmissão).
Ele contou que também houve compromissos de emissoras parceiras de transmitir integralmente as competições femininas em horário nobre. Segundo ele, não se deve apegar à tradições olímpicas para se negar um avanço na equidade, é preciso antes pensar nos valores olímpicos.
Outro ponto abordado pela emissora oficial de transmissão é ao ângulo em que as mulheres são filmadas, diferentes dos homens. Segundo Exarchos, a OBS já tem uma política de 20 anos de tentar evitar que as mulheres sejam tratadas como belas, atraentes, e sim que sejam valorizadas por serem atletas de elite.
Como exemplo, ele diz que atletas mulheres são muito mais enfocadas com closes em seus rostos do que homens.
"Tem regras que fizemos até para o tamanho dos ângulos. Até hoje há operadores de câmera, diretores de câmeras vão para um close muito fechado no rosto de uma mulher, mas não para um homem. Reação de espectadores e a seleção vão ter também um Bias quando escolhem mulher e homem. Eles refletem esses estereótipos. Pode perceber esse estilo tradicional. Não é consciente. Eles costumam fazer isso. Temos que nos livrar", analisou Yiannis.