Laís Souza: como comentarista da Cazé TV ficou tetraplégica após acidente
A ex-ginasta Laís Souza tem no currículo duas Olimpíadas - Atenas em 2004 e Pequim em 2008 -, duas medalhas nos Jogos Pan-Americanos de 2007, além de dez pódios em Copas do Mundo. Hoje, é comentarista das Olimpíadas de Paris na Cazé TV.
Em 2014, a atleta sofreu um acidente enquanto treinava uma nova modalidade, o esqui aéreo, para as Olimpíadas de Inverno. Ela fraturou a terceira vértebra C3 da coluna cervical e teve lesão medular completa. Perdeu movimentos, sensibilidade e controle dos órgãos abaixo do pescoço.
Laís se chocou contra uma árvore na descida de uma montanha em Salt Lake City, em Utah, Estados Unidos. Ela treinava acompanhada de seu técnico, Ryan Snow, e de sua parceira, Josi Santos. Em uma entrevista ao PodSempre, a ex-ginasta contou que na descida olhou para trás com o intuito de avisar a parceira para descer devagar quando perdeu o controle. "No que eu voltei, tum, apagou tudo. Ficou preto", disse.
Faltava apenas uma semana para ir às Olimpíadas de Inverno de Sochi, na Rússia. Ela estava classificada para ser a primeira atleta do país a disputar a prova de esqui aéreo.
A atleta diz não ter muitas lembranças do momento e tanto o técnico quanto a parceira não viram o acidente ocorrer. "Meu cérebro simplesmente apagou o que tinha rolado", relatou ao PodSempre. Logo após bater na árvore, Lais desmaiou e acordou várias vezes até o resgate chegar. Pediu ajuda em inglês ao técnico: "Help, help, please".
O resgate chegou apenas após 45 minutos. Uma vez no helicóptero, Lais vomitou e aspirou, o que provocou uma pneumonia. Segundo relato de Laís, o vômito pode ter sido provocado pela dor, mas ela não tem lembranças da sensação.
Ela precisou ficar internada durante um ano e meio em um hospital em Miami. "Precisei de seis meses para me encontrar, entender. Encontrei alguns cadeirantes que já são muito evoluídos espiritualmente e se encontraram. Depois desse tempo, as coisas melhoraram", contou em entrevista ao UOL Esporte.
Como está Laís hoje?
Hoje, a atleta aceita o que aconteceu e não culpa ninguém pelo acidente. Ela precisa de cuidados constantes e diz que não pode ficar sozinha por mais de 10 minutos. "Dá uma coceira no nariz, já tem que chamar alguém."
De acordo com Laís, a mãe cuida de tudo. "Literalmente trocando as minhas fraldas. Foi uma adaptação grande, mas hoje a gente se entende quase 100%."
A ex-ginasta levou um tempo para conseguir voltar a sonhar de novo. Seu grande desejo é mexer a mão, e ela passa o dia inteiro tentando. "É o primeiro sonho. A primeira coisa que eu penso". Além disso, Lais sonha em ser mãe, mas isso ainda não tem data para acontecer já que a saúde é prioridade total.
Ela trabalhou como comentarista da Cazé TV também durante os Jogos Pan-Americanos de 2023. Em publicação nas redes sociais, a atleta contou que foi um dos locais que esteve onde mais pôde se movimentar "com segurança e facilidade". O estúdio do canal fica no Cosme Velho, no Rio de Janeiro.
A ex-atleta revelou que já sofreu abuso por parte de cuidadores. "Já fui abusada antes, quando tinha quatro anos, e depois do acidente, que foi quando realmente fiquei supervulnerável. Foram abusos inesperados. Eu estava totalmente vulnerável: deitada, dormindo... não estava nem vendo o que estava rolando. E não tenho sensibilidade em 100% do corpo. Sinto que está tudo certo e a pessoa se aproveita daquilo. Se eu deitar de barriga, acabou, não sei o que está rolando porque tenho pouca sensibilidade. São muitos procedimentos que preciso fazer de barriga para baixo. Isso é só um exemplo", disse ela, no "Café com Mussi" — canal do ex-BBB Rodrigo Mussi.
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