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Sem freio, Balaloka leva a Cohab na cabeça e chega a Paris no maior astral

Capacete do brasileiro Gustavo Balaloka Imagem: Arquivo pessoal

Colaboração para o UOL, em Paris

29/07/2024 17h00

"Vai ficar legal,
Pagode na Cohab, no maior astral,
Em frente à lanchonete
Sambando e fazendo um grande carnaval"

Se você conhece essa música, você conhece ao menos um pouco da história musical da Cohab de Carapicuíba, na periferia de São Paulo. Nesta terça, o mesmo conjunto habitacional vai ganhar o mundo pelo esporte, na cabeça e no corpo de Gustavo Balaloka.

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Primeiro brasileiro a competir em uma Olimpíada no BMX Freestyle, Balaloka mostra orgulho de suas origens. No antebraço direito, um menino de bike de BMX olha uma rampa e, ao fundo, a Cohab 2. Na parte de trás do capacete, 'Balaloka' é grafitado sobre um desenho do conjunto de prédios que tem a arquitetura característica do local.

Ao entrar na pista montada na praça da Concória, onde Robespierre foi guilhotinado, vai levar ao mundo outras referências importantes para ele. Para os Jogos Olímpicos, a bike ganhou detalhes verde, amarelo e azul no tom do capacete icônico de Ayrton Senna, e um adesivo que mostra onças, araras e outros animais da fauna brasileira.

"Quero mostrar algumas coisas do Brasil, e o Ayrton Senna é uma inspiração", contou Balaloka, antes de participar de um dos treinos de reconhecimento da pista, no domingo (28), com sua bicicleta que tem a particularidade de não ter freio.

O garoto que começou a dropar em "Caracas", como é chamada a pista de terra de Carapicuíba, descobriu que o BMX Freestyle era olímpico durante a estreia em Tóquio. Assistindo o torneio por "uns sites doidos", já que não achou transmissão oficial no Brasil, viu que a competição não era nenhum bicho de sete cabeças.

Imagem: Arquivo pessoal

Ele andava fazia "BMX Freestyle Dirt Jump" e a prova na Olimpíada é de "BMX Freestyle Park". Um é na terra, com rampas maiores, outro em estruturas duras, de madeira especialmente. "Conversando com amigos e familiares, falei: eu tenho chance de estar lá. Sei que se eu treinar e me dedicar, eu tenho chance." E tinha mesmo.

À medida em que passou a levar o esporte de forma mais profissional, viu seus resultados evoluírem exponencialmente, até ser quarto colocado, nos detalhes, na última etapa do Pré-Olímpico, em que estavam todos os principais nomes da modalidade.

"Eu vejo os caras andando aqui e não tem nada muito diferente do que eu consigo fazer", diz ele, que participa das eliminatórias a partir das 10h11 de Brasília desta terça-feira. Doze competem e nove avançam à final.

Não se surpreenda se a Cohab Carapicuíba 2 chegar ao pódio olímpico. Aí, é certeza que a festa vai rolar até tarde.

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