Rússia está banida das Olimpíadas 2024 e isso pode ser bom para o Brasil

Na cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Paris 2024, não havia bandeira da Rússia. Nenhum dirigente do país compareceu. Oficiais do governo? Tampouco. O mesmo vale para Belarus — grande aliada política do Kremlin. E embora haja alguns atletas de ambos os países competindo na capital francesa, a ausência em forma coletiva tem aspectos esportivos interessantes para o Brasil.

Nenhum dos russos pode vestir as cores de seu país, e isso tem a ver com o conflito com a Ucrânia, que se arrasta desde 2014, mas que foi intensificado no começo de 2022 — forças russas bombardearam e avançaram em território ucraniano, com apoio da vizinha Belarus. Abaixo, o UOL explica como isso afeta os Jogos Olímpicos.

Seleções proibidas, atletas têm restrições

O COI chegou a proibir todos os atletas russos e bielorrussos dos Jogos Olímpicos, mas voltou atrás de sua decisão. No ano passado, estabeleceu que poderiam ir a Paris competidores que atendessem a uma série de critérios rigorosos conferidos pelas federações internacionais — como a ITF, que rege o tênis, ou a FIG, na ginástica.

Ainda assim, a permissão vale apenas para quem compete individualmente. Nos esportes coletivos, Rússia e Belarus não puderam mandar equipes. O que atletas precisaram fazer para se inscrever:

Cumprir as metas da federação internacional (índice, ranking, eventos classificatórios, etc.).

Não apoiar ativamente a guerra na Ucrânia;

Não ter sido contratado por forças militares russas ou bielorrussas ou agências de segurança dos respectivos países;

Cumprir os requisitos dos regulamentos antidopagem.

Qual a diferença para Tóquio 2020?

Na capital japonesa, a Rússia estava banida por causa do escândalo de doping que estourou antes até dos Jogos Rio 2016. Atletas puderam competir, mas não sob a bandeira da Rússia.

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Eles formaram uma delegação de 334 integrantes que recebeu o nome de Comitê Olímpico Russo (COR - na sigla em inglês, ROC). A equipe conquistou 20 medalhas de ouro e terminou os Jogos em quinto lugar no quadro geral de medalhas.

No Rio, cinco anos antes, a Rússia pôde competir como país, com direito a bandeira e hino nacional no pódio, mas muitos de seus atletas foram vetados. Foi o caso de Elena Isinbayeva, bicampeã olímpica (Atenas 2004 e Pequim 2008) e recordista mundial até hoje no salto com vara.

Vladislava Urazova, Viktoriia Listunova, Angelina Melnikova e Liliia Akhaimova da Rússia no pódio da ginástica artística nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020
Vladislava Urazova, Viktoriia Listunova, Angelina Melnikova e Liliia Akhaimova da Rússia no pódio da ginástica artística nos Jogos Olímpicos Tóquio 2020 Imagem: Getty Images

Como isso afeta o Brasil?

Basicamente, as seleções brasileiras têm um rival a menos na luta por medalhas. No vôlei, por exemplo, a Rússia masculina foi prata em Tóquio-2020 após derrotar o Brasil e, no feminino, o time de Zé Roberto Guimarães venceu as russas nas quartas de final.

Outro impacto é na briga por medalhas no boxe (conquistou seis em Tóquio) e no judô (três pódios em Tóquio), modalidades em que o Brasil também costuma brigar pelo ouro.

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Em nenhuma modalidade, porém, o impacto é maior do que na ginástica. Na artística, as russas foram campeãs por equipes em Tóquio 2020, e o país tem algumas das melhores atletas do mundo. Sua ausência aumenta as chances do time de Rebeca Andrade e Flávia Saraiva. Na rítmica, sem Rússia e Belarus, o Brasil entrou na briga pela medalha primeira vez.

Atletas russos competem como AIN

Como não podem defender seus países, os atletas russos e bielorrussos estão inscritos como atletas individuais neutros — ou AIN. Se um desses competidores subir ao pódio, será hasteada uma bandeira verde com um círculo branco no meio e a sigla "AIN" rodeada pelos dizeres "atleta individual neutro" escritos em inglês e francês.

Para competir sob a sigla, é preciso vestir um uniforme de competição inteiramente branco ou com apenas uma cor, desde que não haja referências ao país (Rússia ou Belarus) ou a sua bandeira. As medalhas conquistadas por esses atletas não serão somadas ou inseridas no quadro geral.

Quantos AIN há em Paris 2024?

O COI autorizou a participação de 36 russos e 24 bielorrussos, mas apenas 31 atletas ao todo viajaram para competir (17 da Rússia e 14 do país vizinho). O número significa uma redução drástica em comparação com outras edições dos Jogos: 334 atletas russos foram a Tóquio-2020, quando o país estava punido pelo escândalo de doping; e 436 competidores russos foram para Londres-2012, última edição sem restrições ao país. Belarus teve 101 atletas em Tóquio e 166 em Londres.

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