Criticado, Rio-2016 teve água boa para triatlo enquanto Paris pena com Sena
Nos meses anteriores às Olimpíadas do Rio-2016, as agências Reuters e AP davam títulos alarmantes sobre a praia de Copacabana onde seria realizado o triatlo. Uma manchete falava em "Estudos encontra super bactéria" e a outra "Não coloque suas cabeças embaixo da água".
O INEA (Instituto Estadual do Ambiente) do Rio de Janeiro qualificou a qualidade da água da região de Copacabana como boa durante o período olímpico de 2016. As duas provas de triatlo no Rio, masculina e feminina, foram realizadas nos dias previstos, 18 e 20 de agosto. Ninguém ficou doente.
Oito anos depois, Paris-2024 se propôs a uma tarefa mais dura que era despoluir o Rio Sena, onde está proibido nadar há 100 anos pela poluição que se acumulou no local. A mídia europeia também questionou a chance de sucesso. Testes nos meses anteriores à competição mostraram índices dentro do aceitáveis para bactérias.
Os testes passaram a indicar que os níveis da bactéria E.Coli registravam presença além do índice seguro para os atletas em três dos quatro pontos medidos do Sena. Os treinos já tinham sido cancelados. Agora, as competições foram adiadas, suas novas datas (31/7) estão ameaçadas e já se fala até em fazer um duatlo.
Alguns dos atletas estão irritados. Houve críticas pelo adiamento e pela falta de um plano B, especialmente sobre a possibilidade de excluir a natação da competição.
"Se a prioridade fosse a saúde dos atletas, esse evento teria sido transferido para outro local há muito tempo. Nós somos apenas fantoches, em um show de fantoches. Duatlo não é triatlo, e mudar o dia desse jeito, no meio da noite, é desrespeitoso aos anos de preparação dos atletas e ao fãs que iriam assistir ao vivo ou na TV", disse Marten Van Riel, triatleta belga.
"Patético. Zero respeito pelo bem-estar do atleta e investimento. Não ser capaz de realizar triatlo no país com as sedes mais testadas do mundo é indesculpável", atacou Max Stapley, triatleta britânico
Em seu Instagram, o campeão olímpico Kristian Blummenflet postou um stories com os olhos esbugalhados e a legenda: "Quando você acorda às 4h20 para competir, mas não tem competição".
Os organizadores de Paris-2024 e a federação internacional tentam minimizar o problema e mostram confiança de que haverá a competição nesta quarta-feira (31), ou em uma outra data de plano B.
"Temos um grupo 300. Temos uma clara cooperação com os técnicos. O sentimento dos atletas é de que eles aceitam que não é a primeira vez que acontece", disse a presidente da federação Marisol Casado, admitindo que será preciso adaptações no sol.
O Comitê Paris-2024 não tem outro local para realizar o triatlo: alega que a adaptação é mais difícil do que a da maratona aquática por ter outros dois esportes. A modalidade pode ser transferida do Rio Sena.
"Nós nos baseamos na nossa análise, e o trabalho feito no último ano. E mesmo com enorme chuva no verão, mostravam o calor e sol limpava a água muito rápido", disse Aurélie Merle, diretor de esportes do Comitê-2024.
A medição prévia à prova será feita 21 horas e 30 minutos antes, que é o tempo para sair o resultado. E terá de haver patamares de bactéria abaixo do patamar saudável para liberar a prova. Há ainda testes mais rápidos feitos com resultados em 15 minutos.
Enquanto Paris vive essa apreensão, o Rio teve água limpa segura em Copacabana durante todo o período olímpico.