Judô: Palestino diz que não lutaria contra israelense: 'Matou meu povo'

O judoca palestino Fares Badawi caiu na estreia nos Jogos Olímpicos em apenas 1 minuto de luta, contra Somon Makhmadbekov, do Tajiquistão. Após a derrota, o atleta, que mora na Alemanha, falou sobre a situação dos palestinos e disse que, caso tivesse de enfrentar um judoca de Israel, deixaria os Jogos Olímpicos.

"Estamos nas Olimpíadas para falar de paz, mas se você está fazendo uma guerra em outro país e quer falar de paz aqui, você tem duas caras", afirmou Badawi.

Ao ser questionado pelo UOL se teria restrições para enfrentar um judoca israelense, o palestino foi incisivo. "Claro que não lutaria. Não posso cumprimentar alguém que matou meu povo", afirmou.

Na mesma categoria de peso de Badawi, o israelense Sagi Muki avançou para a segunda luta ao derrotar o alemão Timo Cavelius.

Na segunda-feira, na categoria até 73kg, houve o primeiro boicote a Israel em Paris: o judoca argelino Messaoud Redouane Dris não apareceu para a luta contra Tohar Butbul, que foi declarado vencedor por WO.

A Federação Internacional de Judô informou que Dris chegou à pesagem para a luta com 400g a mais e por isso foi desclassificado. O caso está sendo investigado pela entidade e pode acabar em punição. Assim que saiu o sorteio das lutas, esperava-se que o argelino não disputasse o combate, já que a Argélia não reconhece Israel

Família em Gaza

Fares Badawi é o único judoca da Palestina nos Jogos Olímpicos. Ele treina e vive na Alemanha, mas tem familiares na Faixa da Gaza, alvo dos ataques do exército israelense desde outubro passado.

"Tenho tios e primos em Gaza, eles tiveram que deixar suas casas e estão sofrendo agora", afirmou. "Não acho que eles possam me assistir, a internet lá é ruim e eles não têm a mesma estrutura que temos aqui", acrescentou Badawi.

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Foco no esporte

A poucos metros de onde o palestino dava entrevistas, a israelense Gili Sharir também falava com a imprensa após perder na estreia.

Questionada sobre a situação tensa no Oriente Médio e a possibilidade dos Jogos Olímpicos serem um impulso para a paz na região, ela foi evasiva.

"Eu sou uma atleta, quero focar no esporte. Se eu fosse política, talvez pudesse fazer a diferença. Por enquanto, eu só posso esperar que as coisas melhorem", afirmou.

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