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Morte de irmã e depressão: Lorrane lida com luto para ser bronze em Paris

Lorrane Oliveira da ginástica do Brasil Imagem: Miriam Jeske/COB

Do UOL, no Rio de Janeiro e em Paris

30/07/2024 16h38

A conquista da medalha de bronze por equipes na ginástica artística feminina do Brasil é um feito coletivo, mas tem um gosto individual especial para Lorrane Oliveira. Há cerca de três meses, ela perdeu a irmã, que morreu.

A causa da morte não foi divulgada. Maria Luiza, a irmã da atleta, tinha 21 anos.

Eu estou bem. Poderia estar melhor, é óbvio. A perda da minha irmã foi algo difícil para mim. A ginástica é minha vida. Se não fosse pela ginástica, não teria seguido da maneira que eu estou hoje. Tenho uma equipe maravilhosa que me ajuda diariamente. Psiquiatra, psicóloga. Se não fosse por eles, não estaria aqui hoje. Se estou aqui, é graças a essa equipe, a mim, à minha dedicação. E pela minha irmã também. Lorrane Oliveira, ginasta, ao UOL, antes dos Jogos Olímpicos

Lorrane tem 26 anos e é ginasta do Flamengo, assim como três das quatro companheiras de seleção (Jade Barbosa, Rebeca Andrade e Flávia Saraiva).

Depressão no caminho

Antes da perda da irmã, Lorrane precisou superar uma depressão que atrapalhou em competições ao longo do ciclo de preparação para Paris 2024.

"Eu tive alguns problemas, não só pessoais. Não temos apenas a vida de ginasta, temos uma vida fora daqui. Tive problemas fora do ginásio e estava muito desanimada para treinar. Tive depressão. No Mundial de 2022 eu já estava caminhando ali... Acabei o ano não tão bem. Por mais que a gente tenha conquistado um resultado bom, que foi o quarto por equipe, eu não estava tão bem. Comecei o ano bem mal. Vinha para o ginásio e não conseguia treinar, estava tendo crise de ansiedade, e acabou que não conseguia mais sair de casa para treinar. Foi uma época bem dura assim difícil", disse Lorrane, em entrevista ao UOL, antes dos Jogos Olímpicos.

Parte da superação do problema aconteceu por causa do apoio das colegas de seleção e de um dos técnicos, Francisco Porath, o Chico.

"Ligava todos os dias para saber como eu estava. Quando eu vinha para o ginásio, ele me ajudava, falava: 'Pode ficar sentada só, um passo de cada vez'. Isso me ajudou muito, além do psiquiatra, psicóloga, médicos e terapeutas. Aqui a gente é uma família, então, a gente se ajuda muito e eu sou muito grata por eles", explicou Lorrane na ocasião.

A ginasta brasileira ainda se apegou a uma frase que viu na internet e carregou consigo até voltar a atuar em alto nível: "Nada é tão nosso quanto os nossos sonhos".

"Eu colei ela na minha parede", disse.

A frase, inclusive, virou tatuagem nas costas. Entrou para a coleção de frases marcadas no corpo, que já tinha "seja forte e corajosa", além de "seja luz".

O ápice em Paris

Ela foi responsável por abrir a participação brasileira na final por equipes, iniciando a apresentação nas barras paralelas. A pressão era pela própria apresentação e também porque Flávia Saraiva tinha levado uma queda instantes antes, no aquecimento.

Mas ao fim, deu tudo certo, com o Brasil alcançando a medalha depois de pontuação sólida no solo e no salto sobre a mesa.

"É uma responsabilidade muito grande, é difícil começar abrindo a competição, primeiro aparelho. Mas a gente treinou tudo o que tinha que treinar. Estou acostumada a abrir as competições. Confesso que hoje estava um pouco mais nervosa, mas confiante no que podia fazer. Houve algumas, ali, quase não peguei na largada. Não foi minha melhor série, mas lutamos até o final", disse Lorrane, à TV Globo.

Com as dificuldades pessoais se transformando em cicatrizes, Lorrane conseguiu mais uma marca que não se apaga: a de ser medalhista olímpica.

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