Marcus D'Almeida diz que mudou arco; você consegue ver a diferença?
Melhor do mundo, Marcus D'Almeida adotou uma estratégia diferente para as eliminatórias desta terça (30) nas Olimpíadas. Depois de se classificar apenas em 17ª na estreia em Paris, ele decidiu mudar o arco. A troca surtiu efeito e ele avançou às oitavas beirando a perfeição. Mas o que mudou?
"Querem uma nova? Vou falar então", introduziu o arqueiro, em conversa com a imprensa após despachar o japonês Saito por 7 a 1. "Olha a foto que eu atirei no classificatório. Olha a foto que eu tirei hoje. O arco. É outro arco", acrescentou. Marcus falou como se a diferença fosse óbvia.
Talvez para ele, campeão mundial e no topo do ranking, mas a mudança é imperceptível a olho nu. Até porque o "novo" arco é idêntico ao outro. Se você continua olhando para as fotos e não consegue ver a diferença, o próprio Marcus explica:
É modelo, marca, cores, tudo igual, só o modelo da mira é o modelo mais atual desse arco, mas que não dá diferença. E aí tem a regulagem, né? A regulagem nunca é uma igual a outra. Estamos sempre buscando algo melhor em um arco e algo melhor no outro. Então, sempre dá uma diferença. Marcus D'Almeida, ao UOL
No classificatório eu tive bastante erro de alto e baixo, mas sempre no amarelo [9 e 10]. Então eu tomei essa decisão de testar o outro para ver se diminuía esse alto e baixo. E aí nos três últimos treinos, deu essa diferença no alto e baixo, aí eu preferi ir com esse, porque o vento no campo está mais frente e trás.
Os atletas da modalidade levam dois equipamentos para as provas, e ambos os do brasileiro são do mesmo modelo e da mesma cor. O que muda é o ajuste fino, mas, visualmente, é como se fosse um "xerox" do outro.
O UOL apurou que o segundo arco é muito mais preciso que o primeiro, que ele usou na classificatória. Com ele, Marcus foi avassalador, cravou o 10 em 66,7% de seus disparos (16 de 24), e não deu chances aos advesários. Ele já havia tido uma regularidade alta na primeira fase, mas teve menos "flechas perfeitas".
No entanto, tudo vem com um risco. Embora mais preciso, o segundo pode custar caro. "Se errar, vai longe", ouviu o UOL de uma pessoa próxima a ele. Nas eliminatórias, ele não errou, e só atirou acima do 9. "Só na mão do mestre é que sente a diferença. Marquinhus chegou no ponto que só os mestres sabem. No olho é o mesmo arco", disse João Cruz, presidente da Confederação Brasileira de Tiro com Arco.
A decisão de trocar o arco vai muito da sensibilidade do próprio arqueiro e da confiança dele com cada instrumento. O comum é que os atletas tenham dois arcos parecidos porque se der problema com um durante a prova, não há tempo para ajustar e é preciso recorrer ao outro.
O próximo compromisso de Marcus será no domingo (4), contra o número 2 do mundo, o sul-coreano Woojin Kim. A classificação abaixo do esperado fez o caminho dos dois favoritos cruzarem cedo no chaveamento. Se vai fazer alguma troca no arco para a "final antecipada", Marcus fez suspense. "Vamos ver", disse, rindo.
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