Paris 40 graus: calor castiga público e faz atletas sofrerem nas Olimpíadas

Bonés, garrafas d 'água, ventiladores de mão e sombrinhas foram as estrelas dos Jogos Olímpicos de Paris na tarde desta terça-feira (30). Com temperatura máxima de 37 graus — e sensação térmica que chegou aos 40, a capital francesa viveu seu dia mais quente do ano; atletas e torcedores sentiram a onda de calor.

Na Esplanada dos Inválidos, palco do tiro com arco, o sistema de som alertava em francês e inglês: "protejam-se do calor, bebam água, fiquem na sombra". Só que não havia sombra nas arquibancadas e, com o sol a pino de meio-dia, muita gente trocou os combates da fase eliminatória por lugares onde fosse possível se proteger.

Torcida do BMX tenta amenizar calor em Paris durante as Olimpíadas
Torcida do BMX tenta amenizar calor em Paris durante as Olimpíadas Imagem: JEFF PACHOUD / AFP

Uma espécie de caixa d 'água foi colocada em uma área de passagem de torcedores — daí, a criatividade para se refrescar não tinha limites. Alguns encharcavam os bonés e giravam sobre a cabeça; um homem tirou a camisa, mergulhou no tanque e colocou novamente. Enquanto a reportagem do UOL assistiu ao espetáculo, ninguém se aventurou a tomar banho — não seria uma atitude condenável. Na Place de La Concorde, palco do BMX Freestyle e basquete 3x3, pequenos chuveiros também foram colocados à disposição.

"Influencia demais, tá bem quente. Eu saí do primeiro combate falando que estava até tranquilo, mas no segundo tava muito mais quente. Não sei se foi por voltar pro sol. Esse tecido azul (da pista de tiro com arco) exala um calor…", disse Anna Luisa Caetano, depois de garantir uma vaga entre as 16 melhores no tiro com arco.

Marcus D'Almeida avançou para a segunda fase no tiro com arco das Olimpíadas de Paris
Marcus D'Almeida avançou para a segunda fase no tiro com arco das Olimpíadas de Paris Imagem: Miriam Jeske / COB

Marcus D´Almeida, brasileiro que também avançou na disputa. Ao chegar à área de entrevistas de jornalista de mídia impressa e internet, perguntou se alguém gravaria imagens. Ao ouvir que não, pediu para dar a entrevista sentado sobre uma mureta, tamanho o cansaço.

"Difícil pensar"

Na icônica arena do vôlei de praia, com a Torre Eiffel de fundo, as duplas entraram em quadra com um calor de 36°C e a arena lotada. A torcida brasileira compareceu em peso, mas nas arquibancadas o público também sofreu com o sol forte. Sem cobertura e com o sol na cabeça, o jeito foi usar leques para se abanar. Em alguns momentos, a organização usou uma mangueira para refrescar a torcida.

A lituana Aine Raupelyte era a imagem do sofrimento, e nem era pela derrota para as brasileiras Carol e Bárbara.

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"Foi muito difícil pra mim. Eu quase não consegui saltar, não consegui atacar bem. Fica difícil até de pensar, de tomar decisões. A gente só bate na bola, pra sobreviver, e não é a melhor forma de fazer isso. Mas claro, o clima é o mesmo para todo mundo. Não posso culpar o clima pela derrota, mas posso culpar por não ter jogado meu melhor", afirmou ao UOL.

Nadal e Alcaraz sofrem com o calor em Paris durante jogo de duplas nas Olimpíadas
Nadal e Alcaraz sofrem com o calor em Paris durante jogo de duplas nas Olimpíadas Imagem: ARTIN BERNETTI / AFP

Mais quente que o Rio

Em Roland Garros, a combinação entre saibro e sol também criou um forno. As bandeiras, que já serviram de capa de chuva no sábado, foram usadas como guarda-sol. E qualquer coisa virava abanador, até embalagem de refrigerante (ou, no caso dos repórteres, a credencial dos Jogos Olímpicos).

O brasileiro Thiago Monteiro nasceu em Fortaleza, treina no Rio, mas também sofreu com o calor. "Deve ter sido meu jogo mais quente do ano. Mas interferiu no nosso jogo. Eu e o Thiago (Wild) somos simplistas, eles são duplistas. Então a gente queria fazer um jogo mais longo, com mais troca de bola. Mas é normal que um jogo com um calor desse seja mais rápido", disse.

Nas imediações da Arena Bercy, na outra ponta da cidade, os restaurantes recolheram as mesas externas — os clientes só podiam ficar na parte interior, com ar condicionado.

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A caminho da final feminina por equipes da ginástica artística, o ventilador portátil virou o melhor amigo de muita gente. Até as atletas aderiram: a inglesa Ruby Evans se refrescava entre uma apresentação e outra.

O triatlo masculino foi marcado para começar às 10h45 de quarta-feira (horário local, 5h45 de Brasília), o que significaria atletas correndo e pedalando durante as horas com temperaturas mais elevadas do dia. A organização foi questionada sobre o calor e disse que a previsão de tempo não estava no nível de calor que impede a prática de esporte.

De fato, a previsão para quarta-feira é de chuva e temperatura máxima de 31 graus. A prefeitura de Paris divulgou um alerta de tempestade a partir do fim da noite desta terça.

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