'Baixinho', francês procurou técnico de Phelps para superar multicampeão

Maior casa de shows fechada da Europa, a La Defense Arena fica 'pequena' quando o nadador Léon Marchand entra na piscina diante de 13 mil torcedores. O fenômeno francês foi responsável por ganhar o primeiro ouro do país na natação desde Londres-2012 com direito a quebra de recorde olímpico de ninguém menos do que Michael Phelps nos 400m medley.

O francês voltou às águas da piscina na terça-feira (30) para conquistar vagas nas finais desta quarta (31), nos 200m borboleta e 200m peito e balançar as arquibancadas da La Defense Arena. Mas qual o segredo do fenômeno francês de 22 anos que veio de Tóquio-2021 sem nenhuma medalha até quebrar o recorde mundial de Michael Phelps no ano passado e levar o ouro nos 400m medley nas Olimpíadas em casa?

Em setembro de 2021, Marchand foi procurar o treinador do multicampeão norte-americano: Bob Bowman. Como nem tudo é mágica, não bastou somente ter um treinador cheio de medalhas, o francês também precisou trabalhar especificamente para superar a barreira da altura, já que ele tem 1,87m, tamanho considerado baixo para a modalidade.

Com ajuda de Bowman e toda a estrutura da Universidade do Estado de Arizona, Marchand desenvolveu muita força de explosão e passou a colecionar títulos no fortíssimo campeonato universitário americano (NCAA) até chegar em 2023 e bater o recorde mundial dos 400m medley ao nadar em 4min02s50. O atleta superou em mais de um segundo a marca de Michael Phelps, com 4min03s84, que perdurava há 15 anos. Com isso, ele se tornou o primeiro atleta da história a nadar a prova abaixo de 4min3seg.

O céu é o limite para Marchand e, agora, a altura não importa mais. E quem diz isso é o próprio técnico do francês, que celebrou a superação sobre seu ex-pupilo e projetou um futuro promissor para o atual campeão olímpico dos 400m medley.

Ele pode ser melhor. Ele não atingiu seu potencial. Fez uma ótima performance, mas ele definitivamente pode nadar mais rápido do que isso. Estou o colocando no topo agora porque ele tem o pacote completo: velocidade, ele tem a resistência, ele tem as subaquáticas.
Bob Bowman, ex-treinador de Phelps e atual de Marchand.

A vitória espetacular teve um sabor especial, porque foi em casa, diante de mais de 13 mil franceses. Ele conta que o apoio da torcida o embalou na piscina.

As emoções são muito difíceis de descrever. É inacreditável para um nadador, acho muito raro você poder vivenciar isso. Tive a chance de estar aqui, em forma e atuar no meu nível e simplesmente fazer isso [ouro e recorde]. Abri meus olhos, ouvi tudo o que acontecia ao meu redor e isso realmente me impulsionou a fazer uma boa prova.
Léon Marchand.

O nadador ainda buscará mais medalhas em três provas: 200m borboleta, 200m peito e 200m medley. Ainda há a chance de Marchand fazer o revezamento 4x100m medley, no dia 4 de agosto.

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Pequeno Léon quase desistiu

A natação está no sangue de Marchand: a mãe Celine participou das Olimpíadas de 92 e o pai Xavier foi finalista olímpico em 1996 e 2000; o tio também nadou em Jogos Olímpicos. O caminho de Léon era naturalmente seguir nas piscinas, mas ele não era tão fã do esporte que virou a base da família.

O pequeno Marchand sentia frio durante os treinos de natação e preferiu partir para o rúgbi. A família deu forças para o francês voltar à agua e ele, então, ganhou sua primeira competição nacional em 2019, foram os 200m borboleta. A partir daí, os arrepios de frio foram sumindo e o amor pela piscina só cresceu, ainda mais agora quando pôde competir ouvindo gritos incansáveis de "Allez les bleus" a cada respiro entre as braçadas.

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