'Coração parou por 8 minutos': campeã de triatlo sonha em voltar ao esporte
Luisa Baptista, triatleta brasileira, foi atropelada enquanto treinava em dezembro do ano passado. Ela pedalava na Estrada Municipal Abel Terrugi, em São Carlos (SP), quando uma moto colidiu frontalmente com a bicicleta dela. A atleta contou ao UOL que sonha em voltar ao esporte e diz que irá torcer pelos amigos que estão nos Jogos Olímpicos de Paris.
Fui atropelada, apaguei como triatleta de alto rendimento e, quando acordei, tive de reaprender a fazer coisas básicas como falar, andar e me vestir.
'Coração parou por 8 minutos'
"Minha última lembrança antes do acidente foi um jantar com o meu ex-técnico, Eduardo", conta. Luisa estava focada nos treinos para as Olimpíadas [deste ano] e foi a restaurante japonês.
Só isso que me vem à cabeça. O corpo humano tem um mecanismo que apaga da memória traumas graves. Seria muito sofrimento lembrar, eu estava com muita dor.
Ela ficou em coma por dois meses após o acidente e contou que só depois disso é que soube do ocorrido.
Dei entrada no hospital da região com choque hemorrágico grave, pulmão perfurado, diversas fraturas e traumatismo craniano. Meu coração ficou parado por oito minutos. Não sabiam se eu iria sobreviver. Ressuscitei.
Foram 167 dias de internação, dois hospitais diferentes, inúmeros tratamentos e medicações, sete cirurgias, pulmão artificial (ECMO), muitos profissionais envolvidos.
Todos lutando pela minha vida juntos comigo. Consegui voltar para casa no dia 8 de junho.
'Consegui enxergar o lado positivo disso tudo'
É claro que ela teve momentos de raiva e descontentamento. "Aos poucos, eu entendi que a revolta não me ajudaria em nada, por isso passei a manter a positividade e focar nos 'para quês' e não nos 'por quês'", conta.
Hoje, eu tenho certeza que o meu acidente aconteceu para inspirar muitas pessoas, para gerar mudanças na legislação a favor dos ciclistas e cicloviajantes, unir a família e até melhorar a minha própria autoestima. Nunca imaginei que poderia receber uma quantidade tão grande de carinho e amor.
Luisa explica que os profissionais envolvidos no tratamento dela disseram que a recuperação "foi um milagre". "É claro que o meu corpo de atleta fez grande diferença, mas tenho certeza que a positividade também. Eu sempre acreditei e comemorei cada conquista ao lado dos entes queridos", diz.
Você deve estar se perguntando: "Luisa, você vai voltar a ser atleta de alto rendimento?" Eu penso nesse futuro, mas não sei o que vai acontecer. A certeza é que eu vou fazer o máximo para isso.
Se eu venci até a morte, posso vencer muitos desafios. A curto prazo, vou focar na reabilitação e na torcida por meus amigos que irão representar o Brasil nas Olimpíadas de Paris.
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