Esgrimista teve seu melhor resultado em Olimpíadas grávida de 7 meses
Aos sete meses de gravidez, é normal começar a sentir a necessidade de diminuir o ritmo de trabalho e conviver com dores lombares, com aquelas pinçadas no ciático. E não disputar os Jogos Olímpicos. Mas uma esgrimista egípcia contrariou a regra, veio a Paris, ganhou um de seus embates, e está voltando para casa com a sensação de dever cumprido e pronta para ter um filho que já vai nascer com uma Olimpíada no currículo.
"O que pode parecer apenas duas jogadoras nas pistas, na verdade eram três. Eu, minha competidora e meu bebezinho que ainda não veio ao mundo", revelou a atleta Nada Hafez, de 26 anos, após competir em Paris.
A esgrimista está em sua terceira Olimpíada, mesmo com apenas 26 anos, e competiu com sete meses de gravidez. A esgrima começa com 64 competidoras na competição individual de sabre feminino. Hafez estava entre as 16 finalistas e acabou perdendo para a coreana Jeon Hayoung com um placar de 15-7. Com isso, terminou em 16º lugar.
O rendimento dela acabou sendo melhor do que o de suas duas primeiras participações. Nos Jogos do Rio, ela tinha ficado em 36º e em Tóquio, em 29º. Mesmo assim, a egípcia não escapou das críticas nas mídias sociais, com comentários dizendo que ela competiu apenas pensando em si mesma e não no que era melhor para o Egito.
Em seu instagram, a esgrimista comentou que "a montanha-russa da gravidez é difícil por si só, ter que lutar para manter o equilíbrio entre a vida e os esportes foi nada menos que extenuante, mas valeu a pena. Estou escrevendo para dizer que o orgulho enche meu ser por eu ter garantido meu lugar nas oitavas".
Antes da esgrima, a atleta praticava ginástica artística e competia em nível nacional. Hoje, ela também é patologista clínica.
Atletas mães vão ganhando espaço no alto rendimento
A primeira rodada do torneio feminino de tênis colocou frente a frente Naomi Osaka e Angelique Kerber. Em comum, as duas tinham obtido o feito de terem chegado ao número 1 do ranking da ATP. E também de terem voltado ao esporte de rendimento depois de serem mães, nos primeiros Jogos Olímpicos que contam com um berçário em plena vila olímpica.
É uma história que se soma aos vários relatos de mulheres que estão conciliando suas vidas de atleta com a maternidade. Estes Jogos Olímpicos têm o maior número de atletas mães da história, o que tem relação com a evolução do conhecimento sobre o corpo feminino e o esporte de alto rendimento. Se antes havia a noção de que atletas teriam que esperar o fim de suas carreiras para se tornarem mães, vários exemplos práticos vêm fazendo isso cair por terra.
Há relatos de atletas que voltaram com níveis melhores de percentual de gordura e condicionamento físico. E muitas sentem que a mudança do estilo de vida em si e das prioridades após começar uma família também podem ser positivos.
"Ter filhos te deixa mais forte em diversas formas", diz uma das estrelas do Reino Unido, Helen Glover, medalha de ouro no remo em Londres-2012 e Rio-2016, que chegou a se aposentar do esporte para começar uma família, mas decidiu voltar e se classificou para Tóquio 18 meses depois do nascimento de seus gêmeos, e está disputando a Olimpíada de Paris.
"Se você tem um programa de treinamento e teve só três ou quatro horas de sono, você ainda assim vai treinar. Antes de eu ter filhos, eu dormia o triplo do tempo, tinha o triplo da recuperação, não comia resto de comida fácil de fazer só porque não tinha tempo. Mas ter filhos é muito mais difícil que o treinamento."
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