'Jade é uma medalhista olímpica'. Ginástica celebra sua referência

Francisco Porath Neto, o Xico, já tinha uma medalha de ouro e outra de prata olímpicas como treinador individual de Rebeca Andrade em Tóquio. Nesta terça-feira, alcançou o feito mais importante da carreira: se tornou um técnico medalhista olímpico por equipes, o feito que antes dele tantos sonharam em conquistar.

E qual foi a primeira coisa que ele pensou depois que viu a última nota britânica e entendeu que seria medalhista? "Eu não acredito, a Jade é medalhista olímpica."

Não só ela. Flavia Saraiva, Julia Soares e Lorrane Oliveira também estream no pódio olímpico, mas era a medalha de Jade que a ginástica aguardava ansiosamente. Desde que ela foi a primeira brasileira a conquistar uma medalha mundial no individual geral, 17 anos atrás — Julia tinha acabado de completar dois aninhos.

"Tem que respeitar todo o esforço dentro do ginásio, tem que respeitar. Ela tem esse físico, tem esse shape há anos, a gente empurra, e ela consegue treinar e mostrar para outras, para as mais novas. 'Poxa, eu não treinei nem metade do que a Jade treina e estou reclamando'. A gente usa a força da Jade para mostrar que ginástica de alto nível é daqui para cima", explicou Xico.

A ginástica não tem o cargo de capitã, mas se tivesse Jade teria duas braçadeiras, uma em cada braço. Elo entre a gerações de Daiane dos Santos, Daniele Hypolito e Lais Souza, a de Rebeca e Flávia, e com as mais novas, virou sinônimo de resiliência e dedicação.

Tudo que as outras passaram, Jade passou antes. A baladação, as lesões, os elogios e as críticas, as vitórias e derrotas. Mas faltava colocar o nome dela na lista dos brasileiros medalhistas olímpicos na ginástica, porque, quando Jade chega lá, todas as que tentaram antes chegam também.

"As pessoas hoje tiveram a oportunidade de ver duas horas do Brasil competindo, mas essas duas horas foram trabalhadas ao longo de mais de 40 anos. Aos longo dos anos fomos avançando, passo a passo, para que a gente chegasse e tivesse esse resultado por equipes", disse Jade com a medalha no peito.

Quando ganhou o bronze mundial em 2007, ninguém acreditava que o Brasil tinha formado uma ginasta daquele nível. Hoje, o país é respeitado. "A gente não era nada dentro desse esporte. Hoje somos uma potência, hoje a gente pode dizer que a gente tem uma escola brasileira de ginástica", continuou.

Talvez o pódio tenha sido o último momento da carreira de Jade como atleta em Olimpíadas. Ela já é a atleta mais velha da ginástica em Paris e terá 37 em Los Angeles. Ela não faz planos, mas tem certeza que estará lá. Em que função? O futuro vai dizer.

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"Eu não sabia sobre Paris, eu não sabia sobre Tóquio. A gente não sabe o dia de amanhã. Eu dei tudo que eu tinha para hoje (terça), não só hoje, todos os dias. Eu estou muito realizada no esporte. E eu vou continuar dando [tudo]. Amanhã (quarta) a Jade vai estar no ginásio de novo, no outro dia de novo. A Flavinha perguntou: 'E daqui a quatro anos?' 'Vou estar aqui com você'. O que a ginástica precisar da Jade, a ginástica vai ter."

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