O impossível aconteceu: sueco bate chinês ultrafavorito e 'ajuda' Calderano
Quem não estava na Arena Paris Sul 4, casa do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos, tinha todo o direito de não acreditar. Podia ser uma falha no sistema de computadores, uma ilusão de ótica, uma manipulação da realidade por inteligência artificial.
Mas quem viu com os próprios olhos, a poucos metros de onde a história era feita, pode atestar e dar fé: o impossível aconteceu nesta quarta-feira, 31 de julho, na capital francesa. O chinês Chuqin Wang, líder disparado do ranking mundial e favoritíssimo à medalha de ouro, perdeu na segunda rodada da chave de simples.
É isso mesmo: o melhor mesatenista do país que domina o esporte ficará sem medalha na chave de simples nos Jogos Olímpicos — ele foi ouro nas duplas mistas e está na disputa por equipes masculinas. O responsável pela façanha foi o sueco Truls Moregard, número 26 do mundo, que venceu por 4 games a 2: (12-10, 11-7, 5-11, 7-11, 11-9 e 11-6). Uma das maiores zebras da história dos Jogos Olímpicos.
Resultado 'ajuda' Calderano
O resultado é interessante para o brasileiro Hugo Calderano: Wang era o cabeça de chave número 1 e maior ameaça ao brasileiro para chegar à final olímpica. Os dois estavam do mesmo lado da chave. Calderano, quarto cabeça de chave, enfrentaria o chinês em uma possível semifinal. Agora, o brasileiro é o melhor ranqueado deste lado da chave e um dos principais candidatos a chegar à final. Ele está nas quartas de final após vencer o francês Alexis Lebrun nas oitavas.
O tamanho da zebra
Não é a primeira vez que Moregard apronta: em 2021, foi vice-campeão mundial em Houston, quando era apenas o 77º do ranking.
Nas Olimpíadas, a vitória toma uma dimensão maior. Desde que o tênis de mesa entrou no programa olímpico, houve 37 medalhas de ouro em disputa — os atletas da China levaram 32.
Mas o dado histórico, por mais incrível que seja, não basta para explicar o feito de Moregard. Wang não é apenas o líder do ranking mundial: ele tem quase o dobro da pontuação do segundo colocado, o também chinês Jingkum Liang: 7925 pontos a 4025.
Nesta quarta-feira, o que era para ser uma partida a mais para Wang a caminho das finais se transformou em uma das maiores zebras da história das Olimpíadas. Sem pressão, Moregard venceu os dois primeiros games (12-10 e 11-7), indicando que a partida não seria uma mera formalidade.
O chinês reagiu, venceu os dois games seguintes (11-5 e 11-7). Moregard voltou a jogar bem no quinto game, vencendo por 11-9. E no último, com a arena inteira olhando para a mesa número 2 — as outras três partidas das mesas adjacentes tinham terminado —, escreveu a história: 11-6.
Quem não estava na Arena Paris Sul 4 tem o direito de duvidar, mas o impossível aconteceu.
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