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Snoop Dogg não é 'arroz de festa', mas arma para salvar Olimpíadas nos EUA

Snoop Dogg é um dos principais personagens de Paris 2024 Imagem: Loic VENANCE / AFP

Guilherme Dorini

Colaboração para o UOL, em Londres

31/07/2024 13h00

Snoop Dogg tem sido visto como o maior "arroz de festa" desta edição dos Jogos Olímpicos, viralizando em interações com os atletas. Mas sua participação vai além dos memes: a NBC, emissora dos EUA que pagou US$ 7 bilhões pelo direito de exibir os Jogos Olímpicos, enfrenta queda de audiência e apostou no carisma do rapper como estratégia central para se reconectar com o público norte-americano.

Queda na audiência nos EUA

Desde as Olimpíadas de Londres, em 2012, quando teve média de 31,1 milhões de telespectadores assistindo aos Jogos no horário nobre dos EUA, as audiências olímpicas têm caído. A competição de Tóquio, em 2021, registrou a menor audiência da história, com uma média de 15,5 milhões de espectadores no horário nobre.

As restrições relacionadas à pandemia e o fuso horário desfavorável são citados como fatores importantes, mas a maneira como o consumo de mídia se transformou nos últimos anos também tem um papel importante nisso.

A aposta em Snoop Dogg

A decisão da NBC de expandir o papel de Snoop Dogg vai além da leveza que carrega nas Olimpíadas. Na edição passada, ele apresentou, em uma das plataformas da emissora, um programa no qual fazia comentários com o comediante Kevin Hart.

Snoop Dogg e Molly Solomon (esq.), executiva da NBC Imagem: Todd Williamson/NBC Sports

Em Paris, o rapper tornou-se uma figura central na cobertura, trazendo autenticidade para atrair um público mais jovem. "Chamou a atenção das pessoas, e percebemos que comédia e humor devem ser parte integrante do horário nobre", disse Molly Solomon, produtora executiva e presidente da NBC Olympics Production, em uma entrevista ao New York Times.

Múltiplas aparições

Além de ter carregado a tocha olímpica, Snoop Dogg tem sido o torcedor número 1 dos Estados Unidos.

Snoop Dogg e Letícia Bufoni nos Jogos Olímpicos Imagem: Arturo Holmes/Getty Images

Snoop apareceu dançando com Simone Biles, vibrando ao lado da esposa do nadador Caeleb Dressel e até mesmo curtindo a decisão do skate street ao lado da brasileira Letícia Bufoni — comentarista da Globo.

Sua última proeza foi viralizar ao presentear a tenista Coco Gauff com seu pin personalizado das Olímpiadas de Paris, no qual ele aparece assoprando os arcos olímpicos como se fosse fumaça, ao lado da Torre Eiffel.

Voz do povo

Em uma entrevista recente, Snoop Dogg falou sobre a diferença de estilos no horário nobre. "Estávamos acostumados com eles [jornalistas tradicionais], respeitávamos e amávamos a perspectiva deles, mas, indo em frente, é como, 'de quem é a voz do povo agora?'"

"Eles estão investindo em min porque sou eu, e é isso que eu amo. Eles não querem que eu suavize nada ou seja algo que não sou. Querem Snoop Dogg."

Primeiros resultados

A aposta já mostra resultados. A emissora registrou uma média de 33,8 milhões de telespectadores no horário nobre após os quatro primeiro dias de cobertura, um aumento de 77% se comparado aos Jogos de Tóquio no mesmo período — as informações são do site especializado em mídia TheWrap.

Snoop Dogg no Jimmy Fallon para divulgar às Olimpíadas Imagem: Todd Owyoung/NBC via Getty Images

"Acho que o que as pessoas amam em mim é que é orgânico e é real", disse Snoop Dogg. "É como se seu tio ou seu pai assistisse ao jogo da mesma maneira que Snoop faz e falasse da mesma maneira e você se sentisse conectado", completou, em entrevista ao New York Times. O rapper também participa das transmissões ao vivo, atuando com comentarista nas mais diversas modalidades — nesta semana, fez até o badminton.

Só o começo

Ainda segundo matéria do New York Times, Snoop Dogg está em Paris, mas com a cabeça no futuro. Ele disse que gostaria de ser incluído na cobertura dos Jogos de 2028 em Los Angeles.

"Isso não é algo pontual", disse ele. "Não estou vindo para salvar o dia. Isso é algo que estamos construindo."

Vale lembrar que a NBC transmite as Olimpíadas exclusivamente nos Estados Unidos desde 1988 e pagou mais de US$ 7 bilhões (R$ 39 bilhões, pela cotação atual) pelos direitos de 2022 a 2032.

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