'Não estamos brincando de rebolar', diz Caio Bonfim após prata inédita
O brasileiro Caio Bonfim exaltou sua conquista inédita para a marcha atlética brasileira, dividiu os louros com a mãe, que também é sua treinadora e ex-atleta, e desabafou sobre o preconceito no esporte. Ele foi prata na prova dos 20km das Olimpíadas de Paris, recebendo a primeira medalha do Brasil na história da modalidade.
Todo mundo um dia viu a marcha atlética e achou estranho. Eu, não, porque era a profissão da minha mãe. Cresci com isso, era normal. Ela fez índice para Atlanta-1996, mas teve mudança de critério e ela não foi. Em Londres, falei para ela: 'Quem disse que você não foi para as Olimpíadas?'. Hoje, estamos em nossa quarta Olimpíadas e posso dizer para ela: 'Somos medalhistas olímpicos'. Não estou acreditando. Obrigado a todos, é muita gente que a gente representa aqui. Foi com muita raça, nessa prova não estamos brincando de rebolar, somos uma potência, somos medalhistas olímpicos. Caio Bonfim, em entrevista à Globo
Foi difícil desde o dia que eu fui marchar na rua pela primeira vez e fui xingado, e falei para o meu pai que havia decidido ser marchador. E ali eu larguei para esse dia. São quatro Olimpíadas. Terminei carregado em uma cadeira de rodas em 2012. E agora sou medalhista olímpico. Esse momento é eterno. Tem que ter muita coragem para viver de marcha atlética, não é fácil. Mas valeu a pena pagar o preço. Hoje eu pude falar para os meus pais "nós somos medalhistas olímpicos" Caio Bonfim, em entrevista à CazéTV
Prata inédita: "Ficha ainda não caiu. Meus 4ºs Jogos Olímpicos. Em 2012, terminei passando mal, tive que ser carregado por cadeira de rodas; 2016, em casa, 4º, Tóquio, 13º. Hoje, consegui ser prata. Sabor especial, estou muito feliz, Paris agora faz parte da minha história. Brasil, mais uma medalha, obrigado a todos." (Globo)
Falta de punição a adversários: "Sempre sofri com isso, um preconceito... Na câmera de chamada chamam cinco atletas, quatro são europeus, em uma prova europeia. E aí tem dois sul-americanos liderando a prova? Alguém tinha que tomar falta. Mas sou brasileiro, não desisto, é na raça. Consegui manter a técnica, equilíbrio e levar essa medalha pra casa." (Globo)
Dois esportes: "Brinco que o Brasil tem dois esportes: o futebol e o outro que está ganhando. Se quer aparecer tem que estar nesse outro que está ganhando. Agora, somos medalhistas, tomara que essa medalha possa abrir portas e ter mais investimento. Projeto bom e o que dá oportunidade, e essa medalha dá oportunidade para quem quer fazer marcha atlética e viver dela." (Globo)
O que aconteceu
Caio Bonfim conquistou a prata na marcha atlética 20km em sua quarta edição de Olimpíadas. Ele bateu na trave em 2016, no Rio de Janeiro, mas conseguiu subir ao pódio oito anos depois.
A medalha é a primeira olímpica dele e do Brasil na história do país na marcha atlética. Ele é o principal nome do Brasil na modalidade e vem de uma família tradicional no esporte.
Caio é treinado pela mãe, Gianetti Sena. Ela também foi marchadora e treina o filho desde cedo.
O ouro ficou com outro atleta sul-americano: Braian Pintado, do Equador. O primeiro colocado fez a prova em 1h18min55s, enquanto o brasileiro terminou com 1h19min09s. Alvaro Martin conquistou o bronze para a Espanha, dois segundos atrás de Caio.
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