Emotiva, Mayra diz que derrota é uma 'merda' e que passou 'limite do corpo'

Emotiva, chorando, a judoca Mayra Aguiar falou da derrota na primeira luta em sua quarta Olimpíada e dos problemas físicos enfrentados no ciclo. Para a atleta, seu corpo já passou do limite por contusões, mas o amor ao judô ainda a faz cogitar continuar na carreira.

Além de um título mundial, Mayra é dona de três medalhas olímpicas, feito inédito para uma judoca brasileira. Nos quartos Jogos, a atleta perdeu para a líder do ranking mundial Italiana, Alice Bellandi, que enfrentou na 1a rodada por estar atrás no raking por se poupar de lutas recentes.

A disputa estava empatada com duas punições para cada lado quando a italiana aplicou um Waza-ari na brasileira.

"A derrota é uma merda. É muito horrível. Dói pra caramba, é amargo. É doido, é um saco. Eu não gosto de perder nem brincadeira. É um negócio que você se doa tanto. Doa demais saúde, doa o tempo de família, doa a parte mental, dieta rígida, restrita... Treinar todo dia com dor. É um preço que eu to pagando também já tem um tempo", disse ela.

Contou que parece que tinha um bicho dentro dela de tanta vontade de gritar pelo resultado, e pela angústia causada pela derrota. Em seguida, a judoca lembrou que sempre se levanta mais forte depois das quedas.

A questão é que, desta vez, ela vem sofrendo com dores antes das Olimpíadas. Por isso, ficou treinando isolada no Sogipa, sem falar com ninguém no final do ciclo. Não lutou as principais competições, apenas treinou.

"Eu já passei do meu limite. Já tem um tempo. Eu venho mentindo pro meu corpo, mentindo que está tudo bem. Eu tenho oito cirurgias já no corpo. A primeira foi com 16, 17 anos. Eu ainda sinto ela ainda. É uma coisa que eu aprendi a treinar assim, a lutar assim. Mas nos últimos anos tem sido mais difícil. Não adianta, é o preço que a gente paga", contou a judoca.

Aos 32 anos, afetada por essas contusões, Mayra não crava que vai se aposentar do esporte, nem que essa é sua última Olimpíadas. Mas admite que as condições físicas estão cada vez mais difíceis.

"Ai, eu não sei. Eu nunca afirmei isso (que iria parar). Sinceramente pra mim, tem momento que eu falo assim: 'Não dá mais pra eu botar o quimono. Vou chegar em casa e vou queimar meus quimonos'. Isso eu falo já tem uns 5 anos, que eu já tô assim. Aí eu levanto e eu respiro. Porque eu amo esse esporte Eu amo estar perto das pessoas", analisou ela, aos prantos.

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Isso não impede Mayra de pelo menos refletir sobre todas suas conquistas na carreira, principalmente nas Olimpíadas. A atleta contou que, normalmente, nem gosta de olhar para trás. Quando acaba uma competição, já pensa em voltar para os treinos. Mas, agora, mais emotiva, analisa o passado.

"Mesmo que eu voltasse, pô, campeã do mundo, medalhista olímpica, dava três dias eu tinha esquecido. Eu não tinha pensado mais nisso (carreira). Pensava qual é a próxima, o que que eu vou fazer. Minhas medalhas estão tudo atiradas num canto da casa, sabe tá tudo mofando, tá tudo errado.... Não é tipo assim, eu não tenho esse apego. Mas eu tenho certeza que a hora que eu parar, assim que eu sentar, que eu ver, pô Caraca, que da hora, sabe, que legal", disse ela, que vai lembrar da carreira com carinho e com amor.

Só não se sabe ainda quando vai perdurar sua carreira. Mas, nas Olimpíadas de Paris-2024, Mayra não vai mais lutar porque está fora da disputa por equipes.

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