'Fui acusada de abandono materno por treinar pras Olimpíadas pelo meu ex'
Flávia Maria de Lima, 31, vai correr os 800m rasos nas Olimpíadas de Paris. A sua bateria eliminatória está marcada para as 14h54 de sexta-feira (2), mas o que era para ser o auge de sua vida eportiva virou um problema.
Por causa disso, eu posso perder a guarda da minha filha de 6 anos. Mas nem precisava ir tão longe, literalmente.
Em entrevista ao UOL, Flávia conta que toda viagem feita para buscar a vaga olímpica —mesmo dentro do Brasil— foi informada à Justiça pelo genitor da filha. O argumento usado é que a atleta está abandonando a menina.
Nenhum homem nunca foi acusado de abandonar os filhos por trabalhar como atleta para o sustento deles. Eu sou, e só porque sou mãe, logo, mulher. Por anos minha carreira esportiva foi prejudicada pelo machismo. Hoje ele segue presente, tentando me boicotar. Mas agora eu digo: ''nunca mais'.
Terrorismo judicial
A atleta explica que sempre soube que, a partir do momento em que se separasse, teria de sustentar a filha sozinha e que seria difícil lidar com o ex-companheiro no judiciário. "Era: 'Ou eu corro, faço resultado e garanto bolsas, ou perco a guarda da minha filha'", diz.
Eu quero dar o melhor para minha filha, quero dar o mundo que eu não tive: as melhores condições, as melhores oportunidades, todo o carinho. Preciso estar em evidência para poder proporcionar isso.
Segundo Flávia, o genitor da filha faz de tudo para atrapalhar a carreira dela, assim como os resultados. "Temos a guarda compartilhada, ele pode visitá-la na casa da minha mãe em Campo Tenente (PR), onde agora moramos, mas nunca veio. Só a viu em março, porque a levei a Campo Mourão", conta.
A atleta cita exemplos de competições na qual o ex tentou convencer a Justiça de que ela estaria abandonando a filha. "Foi assim no Campeonato Sul-Americano Indoor, na Bolívia, e no Mundial Indoor, para o qual fui convocada no dia da viagem, e que aconteceu na Inglaterra."
Aliás, todo o "terrorismo judicial" teve um impacto na saúde mental da atleta. "Passei a entrar em pânico de competir" fala. "Estava com passagem comprada e hotel reservado pelo clube para competir a Copa Brasil de Meio-Fundo, mas entrei em pânico e não consegui sair de casa. Depois, isso se repetiu em uma competição estadual."
Quando discuti isso na terapia, ergui a bandeira e falei: não vou deixar ele ganhar, não vou deixar ele me desestabilizar. Foi ali que eu disse que ele não tem mais poder sobre mim, e que eu iria aos Jogos Olímpicos.
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