Olimpíadas: Líbero é único da delegação brasileira a não ter redes sociais
Disputando as Olimpíadas pela segunda vez, o líbero Thales é o único integrante da delegação brasileira — que conta com cerca de 280 atletas — a não ter redes sociais. A ausência, inclusive, virou uma brincadeira entre os jogadores do vôlei masculino verde-amarelo.
Algumas pessoas falam que eu preciso criar um perfil nas redes sociais, dizem que eu poderia virar um influenciador. Mas não acho que eu levo jeito. Não tenho nada contra as redes sociais, elas são um canal importante de divulgação. Thales, em entrevista ao site Web Vôlei em 2022
Normalmente eu interajo com os fãs diretamente nos ginásios, depois dos jogos. Tiro fotos, dou autógrafos. Algumas pessoas me reconhecem na rua a falam comigo. É assim que me relaciono com os torcedores.
O que aconteceu
Os companheiros de Thales na seleção criaram a #thalesseminsta para "marcar" o líbero em postagens. A hashtag virou uma forma de descontrair e brincar com o líbero verde-amarelo.
Já os fãs criaram um perfil do jogador de vôlei no Instagram. A página, porém, se identifica como um fã clube dedicado ao líbero da seleção brasileira, e conta com pouco mais de 6 mil seguidores.
Enquanto isso, o levantador Bruninho é o atleta do vôlei masculino com o maior número de seguidores, com 1,7 milhões. Já no feminino, Gabi e Rosamaria lideram, com 1,4 milhão e 1,3 milhão, respectivamente.
Ausência nas redes sociais é ruim?
Seria um preciosismo do profissional de marketing, apenas porque vive das redes sociais, dizer que um atleta não pode viver sem entrar nesse universo. É o atleta que define como gerar a sua carreira e é apenas ele que pode tomar essa decisão. Há pontos positivos e negativos em não entrar nesse meio. Ao mesmo tempo que se mantém fora de uma comunidade que por muitas vezes pode ser tóxica após uma derrota, ele também perde oportunidades muito interessantes comercialmente. Do ponto de vista do atleta olímpico, as oportunidades comerciais que podem surgir a ele trazem mais retorno do que as premiações. O melhor dos mundos ainda é se manter ativo com os fãs, criando conteúdo com eles, mas tendo um profissional por trás para cuidar de suas redes, onde ele faz o primeiro filtro de recepção. Wagner Leitzke, líder do marketing digital da End to End, produtora de conteúdo oficial das redes sociais do Time Brasil durante as Olimpíadas de Paris 2024
O Brasil possui o maior número de influenciadores comparado a outros países. Muitas vezes, eles possuem mais seguidores do que marcas. Esportistas que possuem autoridade e relevância são potenciais influenciadores. Claro, a ação pode ser uma fonte de receita importante em um país no qual patrocínios são difíceis e escassos. No mais, as marcas estão hiperconectadas porque os brasileiros também estão: mais de 62% querem aprender sobre marcas em redes sociais, e quase 72% pesquisam sobre marcas e convertem isso em compras. Ainda, 52% seguem algum influenciador. Para que um esportista seja um influenciador, ele precisa antes de tudo ser um bom esportista. Se a relação é saudável, que venham muitas selfies e publis. Edmar Bulla, fundador do Grupo Croma e referência em assuntos ligados à inovação e estratégia de marketing
Por mais que seja algo bastante raro, é possível que um esportista de alto nível toque sua carreira sem estar presente nas redes sociais. No entanto, esta precisa ser uma escolha madura, pois cada vez mais os influenciadores têm se tornado plataformas de comunicação para as marcas chegarem de um jeito mais direto ao público. E os atletas estão cada vez mais se inserindo neste mercado, pois eles comunicam bem-estar, saúde e histórias de superação, por exemplo. Ao abrir mão desta tendência, atletas como o Thales podem perder oportunidades de conectar marcas com seus públicos e terem novas receitas. Mas, reiterando, é uma escolha bastante pessoal, que requer bastante maturidade e que temos que respeitar. Renê Salviano, CEO da Heatmap e especialista em marketing esportivo
A rede social se bem utilizada é importante ferramenta na construção da imagem e monetização do esportista. Claro que é possível não ter uma conta em rede social, mas a chance do atleta obter um patrocinador cai drasticamente. Fábio Wolff, sócio-diretor da Wolff Sports e especialista em marketing esportivo
Ranking dos brasileiros com mais seguidores nas redes sociais
- Gabriel Medina (surfe): 12,7 milhões
- Rayssa Leal (skate): 8,4 milhões
- Paulo André Camilo (atletismo): 7,6 milhões
- Rebeca Andrade (ginástica artística): 4,1 milhões
- Marta (futebol): 2,8 milhões
- Bruninho (vôlei): 1,7 milhões
- Gabi (vôlei): 1,4 milhões
- Arthur Nory (ginástica artística): 1,3 milhões
- Rosamaria (vôlei): 1,3 milhões
- Filipe Toledo (surfe): 1,2 milhões
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