Medalhista, Lorrane revela pedido da mãe após morte da irmã: 'Seja feliz'
É de se imaginar que qualquer atleta contando os dias para embarcar para os Jogos Olímpicos de Paris, ainda mais sendo cotado para ganhar não apenas uma medalha, como também ajudar a conquistar o resultado inédito para o Brasil. Mas a ginasta Lorrane Oliveira revelou ter ficado dividida. Por um lado, queria vir a Paris e fazer um grande trabalho para homenagear a irmã Malu, que faleceu em abril. Por outro, mal conseguia arrumar a mala e não tinha certeza de que conseguiria disputar os Jogos.
"Não vou mentir, eu tirei forças mais por ela, assim, de estar aqui", disse Lorrane em coletiva de imprensa. "Uns dias antes de vir para cá, eu não estava conseguindo arrumar minha mala, foi muito difícil, aí eu liguei para minha mãe e falei, 'mãe, pelo amor de Deus', ela falou, 'eu sei filha, vai ser difícil, né?. Mas faz por você, vai ser feliz, seja feliz e se você sentir algum dia que não está bem lá e quiser voltar, você me liga, porque você volta e está tudo bem, mas aproveita cada dia, cada momento, seja feliz por você, por ela, porque ela está muito orgulhosa de você, independente se vocês vão conseguir ou não'. E foi isso que eu fiz, a partir do momento que eu cheguei aqui, desde a aclimatação até o último dia, meu último dia de competição, eu fui feliz."
Lorrane perdeu a irmã Malu de forma repentina em abril, quando estava na Europa se preparando com o restante da seleção de ginástica. Ela foi liberada para voltar ao Brasil, e depois voltou a se juntar ao time que conquistou um resultado inédito na última terça-feira (30) com a conquista do bronze.
'Mãozinha' na final
Lorrane contou que teve altos e baixos, e por vezes sente que a irmã está dentro dela. "Todo dia ela me dava essa força. E antes de eu subir na final, na paralela, eu estava muito nervosa e pedi, 'Malu, por favor, me ajuda, esteja comigo e eu estou aqui por você'. Quando eu vi que a gente conquistou essa medalha, eu olhei para cima e falei 'eu consegui Malu, consegui por você.'
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A agora medalhista de bronze por equipes na ginástica destacou o apoio das companheiras de equipe durante esse momento difícil. Quando ouviu o início da pergunta sobre a irmã de Lorrane, Jade Barbosa, que estava ao seu lado participando da coletiva das medalhistas e que tem um papel de liderança natural na equipe devido a sua experiência de mais de 15 anos disputando competições internacionais, logo colocou a mão em Lorrane em sinal de apoio. Ela também conviveu com uma perda difícil, da mãe, quando tinha nove anos.
"Eu não conseguiria sem elas, não só ali no ginásio no dia da final, mas toda essa jornada difícil que eu passei, tinha dias que eu chegava no ginásio e só chorava, não conseguia treinar. E elas falavam que ia ficar tudo bem. A Jade especialmente, que já passou por isso, me ajudou muito. Se não fosse por elas, toda a minha equipe multi disciplinar, a Aline, minha psicóloga, a Wele, minha psiquiatra, meu treinador, eu não teria conseguido, então eu devo tudo a eles, mas também a minha garra por eu ter conseguido."
As competições da ginástica artística continuam nesta quinta-feira com o individual geral. Rebeca Andrade e Flávia Saraiva estão entre as classificadas para a grande final, que começa às 13h15, pelo horário de Brasília.