Nadal explica o que vai fazê-lo se aposentar após eliminação das Olimpíadas

"Eu não disse que estou me despedindo de Paris, mas sei como funciona. É possível que tenha me despedido, mas não disse que estou me despedindo", disse Rafael Nadal em uma concorrida coletiva de imprensa após ser eliminado do torneio de duplas das Olimpíadas de Paris em Roland Garros. O tema da aposentadoria foi recorrente para o espanhol de 38 anos na última semana, em que voltou a um lugar em que reinou por tanto tempo longe das condições físicas de seus nada menos que 14 títulos em Abertos da França.

"Agora vou me preparar para definir qual voo vou pegar", brincou Nadal, que tem preferido focar em metas imediatas ao invés de pensar em sua aposentadoria. "No final das contas, o que afeta meu futuro profissional é minha vontade. É o sentimento que eu tiver quando chegar a hora da decisão. Agora tivemos uma etapa. Eu tinha marcado os Jogos Olímpicos desde que começou o ano como um objetivo e terminei um ciclo."

O ex-número 1 do mundo disse que agora quer voltar para casa e não tem pressa de tomar uma decisão. "Com a cabeça fria, quando desconectar e tiver clareza, saberei qual será minha próxima etapa, seja com a raquete na mão, ou não. Sinto que sempre me esforcei o suficiente para que, quando isso se acabar, que aconteça com satisfação pessoal de ter feito todo o possível."

De fato, ninguém duvida que Nadal está tentando de tudo para se manter competitivo, ainda que as atuações em Paris tenham mostrado a dificuldade de voltar ao nível de antes. O tenista já tinha sido eliminado na segunda rodada pelo rival Novak Djokovic do torneio de simples e formava uma dupla dos sonhos com Carlos Alcaraz, mas a inexperiência de ambos jogando juntos foi fundamental para que a campanha só durasse três rodadas. Nadal e Alcaraz caíram diante de Austin Krajicek e Rajeev Ram, dupla norte-americana que tinha eliminado os brasileiros Thiago Monteiro e Thiago Wild na rodada anterior.

Ao longo do torneio, Nadal chegou a se irritar com as insistentes perguntas sobre sua aposentadoria. O espanhol reconhece que não teve um bom nível nos últimos anos e vive uma montanha-russa para lidar com uma insistente lesão em um músculo bastante profundo, localizado entre o tronco e o quadril, chamado psoas.

Na preparação final para as Olimpíadas, ele chegou a sentir a coxa, e jogou com a perna enfaixada. Mas disse que era apenas uma proteção. Durante o jogo da segunda rodada de duplas, ele chegou a tirar essa proteção no meio da partida "porque estava tão suada que só incomodava e não servia para mais nada".

Não foi por nenhuma lesão que Nadal ficou de fora de ambos os torneios que estava disputando. Contra Novak Djokovic, cometeu muitos erros pouco característicos. Nas duplas, faltou o entrosamento com um parceiro que não costuma jogar a modalidade e não se encaixou bem.

"A gente jogou tentando prever o que eles iam fazer ao invés de impor o nosso jogo, e aí você sempre fica mais exposto. Eu tive uma experiência incrível, realizei um sonho jogando com o Rafa, e vou levar ensinamentos que tive nessa semana para o resto da vida", disse Carlos Alcaraz, tenista número 3 do mundo e que segue na disputa do ouro no torneio de simples.

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