Emocionado, Pepê não engole falhas que o tiraram da final: 'Puto'

Pepê não escondeu a frustração por ter ficado fora da final do K1 na canoagem slalom nas Olimpíadas de Paris. Nem quis, na verdade, mascarar as emoções, já que ele "perdeu" para ele mesmo.

Emocionado, o brasileiro lamentou os erros que cometeu no início da prova e que custaram caro. Ficou inconformado, mas destacou que quer transformar a raiva em combustível para ainda conquistar uma medalha na França.

No começo eu tive um toque, ainda dava para entrar [na final]. Aí cometi duas pelas outras penalidades e chegou na última remonta ali, sabia que se eu não arriscasse, não teria chance. Foi iso que eu fiz, eu arrisquei na última baliza. Tanto que, sem a penalidade dos 50s, eu entrava. Dei o meu melhor hoje, infelizmente perdi de novo por causa das penalidades. Pepê Gonçalves

Mas saio com a cabeça erguida, puto para caramba, queria muito essa final, essa medalha. Achei que ia dar, lutei muito para estar aqui. É o esporte, hoje as faltas me tiraram de novo da final olímpica. Agora é virar a chave, canalizar toda essa força para amanha estar no cross.

Agora é canalizar tudo no cross. Quando pego toda essa raiva, é perigoso pros adversários. Estou remoendo dentro de mim, vou deixar o sangue dentro da água e vamos conseguir essa medalha. Só eu sei o que é essa raiva.

Erros custam caro a Pepê

Pepê Gonçalves na semifinal do k1 na canoagem slalom das Olimpíadas de Paris
Pepê Gonçalves na semifinal do k1 na canoagem slalom das Olimpíadas de Paris Imagem: Molly Darlington/Reuters

O brasileiro fez tempo de 147s09 no percurso e terminou em último na semifinal do K1. Ele foi o 13º a descer pela corredeira e começou mal, recebendo penalidade em duas das cinco primeiras portas. Os erros o desconcentraram. Até melhorou no meio, mas voltou a errar na reta final, com um toque no 18º portão, e precisou arriscar, já que já contava com 6s a mais. Custou caro.

Pepê levou uma punição de 50s por ter perdido a porta 21 e viu o sonho da final acabar. Ele completou o percurso em 91s09, tempo que o colocaria na final, mas a punição pesou.

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Com isso, estava fora da disputa por medalha antes mesmo de a prova terminar. Ele ficou em último entre os 20 atletas na semi e teve o gosto amargo da eliminação, já que os 12 mais rápidos avançavam. A finalcomeça às 12h30 (de Brasília) desta quinta-feira (1), mas ele não competirá.

O tempo do 12º e último classificado, o espanhol Pau Echaniz, foi de 96s11. Na eliminatória, o brasileiro passou em oitavo, fazendo o percurso em 86s64.

Pepê Gonçalves também competiu no C1, mas parou na primeira fase na canoa. A prova, porém, foi encarada pelo atleta de 31 anos como um "treino de luxo" para as disputas do caiaque, sua principal prova.

O brasileiro deposita suas esperanças agora no K1 Cross, modalidade que estreia nestes Jogos. A competição começa nesta sexta-feira (2), às 10h30 (de Brasília).

Pepê está em sua terceira edição de Olimpíadas e também bateu na trave de ir à final em Tóquio. Ele estreou nos Jogos do Rio com a sexta colocação, mas também "perdeu" para ele mesmo na última edição, sofrendo seis penalidades.

O campeão pan-americano não engoliu os próprios erros após a eliminação, mas quer transformar sua raiva em combustível. Ele contou que sua única chance de se classificar, depois de ter tomado três punições, era arriscar no fim, e que sai "puto" pela decepção com o próprio resultado. Resta a ele, agora, virar a chave e buscar forças para a disputa da prova restante.

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O que mais Pepê disse

Erros que custaram caro: "Estava me sentindo muito bem, preparação incrível para essa prova, esse dia. Semana inteira me sentindo bem. Tive um 1º toque ali que desconcentrou um pouco a linha de água, perdi um pouco a linha da reversa, depois mantive, tive mais dois toques e aí já era demais, tudo piscando. Sabia que se quisesse entrar na final teria que arriscar a última remonta, infelizmente um pouco a mais ou a menos é uma penalidade de 50s".

Arriscada: "A gente não sabe como está o tempo quando está descendo, mas sabia que 6s era muito tempo, que teria que arriscar. Fui para entrar na final, não queria tempo bom com falta e ficar fora, queria entrar e brigar por medalha. Se não me engano, o meu era o melhor tempo sem as faltas, mais uma vez perdi para mim, para as minhas faltas".

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