Por que bicampeãs Martine e Kahena terminam primeira Olimpíada sem medalha
Pela primeira vez em três Olimpíadas, as velejadoras Martine Grael e Kahena Kunze não ganharão medalhas. Elas até vão participar da medal race, a regata final na categoria 49er FX, mas sem chances de pódio.
Bicampeãs olímpicas na Rio 2016 e em Tóquio 2020, as brasileiras tiveram um desempenho irregular e, no somatório de pontos, passaram longe das disputas pelo topo.
Ao longo de 12 regatas, Martine e Kahena tiveram um segundo lugar como melhor resultado. Mas só na última corrida, que as levou para o oitavo lugar na colocação geral, dando a presença, meramente para cumprir tabela, na regata da medalha.
A dupla brasileira chegou no penúltimo dia em 15º no geral, e ao menos conseguiu reagir na reta final para evitar uma frustração maior.
Na quarta regata, inclusive, elas foram desqualificadas porque queimaram a largada.
Faz parte, é o esporte. Às vezes você ganha e às vezes você perde. Talvez não fosse a nossa semana. A gente sempre vai ser bicampeãs olímpicas e isso nos dá muito orgulho. Martine Grael, velejadora
Tem explicação?
Um dos nomes famosos da família mais vencedora da vela brasileira, Lars Grael analisou o desempenho do país nos Jogos Olímpicos, especialmente as dificuldades vividas pela sobrinha.
"O desempenho do Brasil não é tão bom quanto a gente esperava. Nosso esporte depende de um fator determinante, o vento, e ele não esteve muito presente até agora. A nossa dupla campeã ainda não se adaptou. Ainda há chances matematicamente. Mas Martine Grael e Kahena Kunze são bicampeãs olímpicas. Se tem alguém que pode mudar isso são elas", disse ele, em visita a um evento do Comitê Olímpico do Brasil (COB), em São Paulo.
Kahena mencionou depois da fase classificatória a dificuldade das condições da raia em Marselha. No último dia, elas se entenderam melhor com o vento sentido só de um lado.
Mas desde o ouro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no ano passado, Martine e Kahena não ficaram nem no Top 3 das três competições principais que disputaram na classe 49er FX.
Ainda no ano passado, ficaram em 25º no Campeonato Europeu. Depois, No Mundial, em março, tiveram o melhor resultado nesse período, com o quarto lugar. Por fim, ficaram em 24º no Trofeo Princesa Sofia, na Espanha.
Ainda antes do Pan, elas participaram do evento teste das Olimpíadas, também em Marselha, a dupla brasileira ficou em segundo lugar. Mas esse resultado não será repetido.
A vela é uma das modalidades que mais trouxe medalhas para o Brasil em Jogos Olímpicos — foram 19 medalhas, sendo oito de ouro. Mas na França, está difícil aumentar esse número.
Deixe seu comentário