'Acho impossível, vou fazer': bicampeã olímpica vai correr 62km em Paris

"Eu sou uma pessoa curiosa. Gosto de fazer várias provas. Eu acho que é impossível, então quero ver se realmente é". É assim que Sifan Hassan explica por que tem feito o que ninguém mais ousa fazer.

Nas Olimpíadas de Tóquio, em 2021,, Sifan Hassan já tinha feito o inimaginável, com dois ouros e um bronze. Sendo que as duas vitórias foram nos 5.000m e 10.000m rasos. Não é algo que acontece todo dia, principalmente em uma Olimpíada, mas pelo menos são duas provas mais parecidas. A parte realmente impressionante ficou com o terceiro lugar nos 1.500m, uma competição muito mais veloz e que exige uma preparação diferente.

O que a etíope que se mudou aos 15 anos para a Holanda e defende as cores do país poderia fazer a mais, agora nas Olimpíadas de Paris? Ela vai defender seus títulos, e também vai encarar a maratona. É algo que apenas um atleta, o lendário Emil Zatopek, em 1952, fez com sucesso em Olimpíadas até hoje, e não é por acaso: correr uma maratona na rua não é simplesmente quadruplicar a distância dos 10.000 na pista e correr mais um pouquinho. É quase uma modalidade diferente.

E há o cansaço também. Contando as eliminatórias dos 5.000m, isso significa que Hassan vai correr 62km no mais alto nível ao longo de nove dias. Com uma sequência particularmente desafiadora: a final dos 10.000m feminino é dia 9 de agosto e a maratona, dois dias depois.

As provas de 42km são relativamente novas no cardápio de Hassan. Ela estreou na distância na maratona de Londres de dois anos atrás, e venceu logo de cara. Ano passado, conquistou também a maratona de Chicago, pouco depois de disputar o Campeonato Mundial em Budapeste —com bronze nos 1.500m, prata nos 5.000m e um 11º lugar nos 10.000m.

Isso significa que Hassan tem feito provas de 1.500m a 42km e está entre as melhores do mundo em todas elas, o que é algo único. Cogitou-se, inclusive, que ela faria também os 1.500m em Paris, mas ela desistiu da prova mais curta.

Esse cardápio extenso de provas remete ao início da vida de corredora de Hassan, ainda na Etiópia. Hassan foi desafiada por uma amiga a participar de uma prova, e começou a disputar várias distâncias, de 100m a 800m, até descobrir em qual poderia vencer.

E também a inquietude da atleta de 31 anos. "Minha curiosidade é o que me mantém na minha vida esportiva. Minha jornada é mais importante do que vem depois", disse ela. "Será que eu consegui equilibrar o desempenho na pista com meu condicionamento para maratona? Vamos descobrir."

O desafio de Hassan começa nesta sexta-feira (2), com o classificatório para a final dos 5.000m. Não estranhem se ela estiver entre as últimas até duas voltas para o final. Ela gosta de vir passando todo mundo no final. Em 5 de agosto, é a final da mesma prova. Os 10.000m não têm classificatório, então ela já vai direto para a final, dia 9 de agosto. E dia 11 a holandesa fecha sua participação com a maratona.

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