Clima hostil? França e Argentina jogam após polêmica por música racista
França e Argentina decidiram a última Copa do Mundo, mas agora vão se enfrentar nas quartas de final das Olimpíadas de Paris-2024 em 'tensão' por causa de uma música cantada por jogadores, após a conquista da Copa América no mês passado. As duas seleções duelam nesta sexta-feira (2), às 16h (de Brasília).
Música racista e xenofóbica torna jogo 'hostil'
A música foi cantada pelos jogadores argentinos em 14 de julho. "Escutem, corre a bola, eles jogam na França, mas são todos de Angola. Que lindo que vão correr, comem transsexuais como o p... do Mbappé. Sua velha (mãe) é nigeriana, seu velho (pai) é camaronês, mas no documento: nacionalidade francês", diz a letra
O momento foi registrado pelo volante Enzo Fernández, em uma live no Instagram, logo após a Argentina vencer a Colômbia e conquistar a Copa América. Ele cortou a live quando percebeu a letra do cântico, mas foi tarde demais. Trechos da live viralizaram nas demais redes sociais.
Os trechos racistas estão contidos nas frases sobre as nacionalidades dos pais dos jogadores franceses, muitos deles vindos do continente africano.
A transfobia aparece no trecho sobre um suposto relacionamento de Mbappé.
O caso foi parar na Fifa. A Federação Francesa de Futebol entrou em contato com a entidade máxima do futebol para denunciar o caso. O clima também pesou para Enzo Fernández: o jogador recebeu críticas de companheiros do Chelsea, time onde atua, e depois se desculpou.
A vice-presidente da Argentina endossou o canto. Em postagem feita nas redes sociais, Victoria Villarruel citou o passado colonial da França e defendeu os jogadores da seleção. Posteriormente, o governo local pediu desculpa aos franceses.
A música não é de agora. Ela foi criada e cantada por torcedores argentinos ao longo da Copa do Mundo de 2022, no Qatar. Um grupo de torcedores entoou o canto durante uma entrevista para uma emissora local, e o vídeo viralizou.
Caso gerou repercussão nas Olimpíadas
O jogo polêmico entre Argentina e Marrocos, pela abertura do futebol nas Olimpíadas, teve outro ponto de atenção. O hino argentino foi vaiado pelos franceses presentes no estádio.
O mesmo aconteceu no rúgbi sevens masculino. Os argentinos foram vaiados nos jogos contra Quênia, Samoa e, principalmente, França. As duas seleções se enfrentaram nas quartas de final, com os franceses vencendo — mais tarde se tornariam campeões.
A atmosfera pesada não foi endossada por Thierry Henry. Técnico da seleção olímpica da França, o ex-jogador evitou comentar sobre o assunto na entrevista coletiva da última quinta-feira (1°). Ele preferiu focar em perguntas sobre o jogo em si.
Há uma partida para se preparar e, como treinador, só vou falar sobre isso. Thierry Henry, em entrevista coletiva
Três personagens
Julián Álvarez (atacante), Nicolás Otamendi (zagueiro) e Geronimo Rulli (goleiro) estiveram na final da Copa América e jogarão as quartas de final das Olimpíadas de Paris-2024.
O trio, inclusive, preenche a 'regra dos extras 23 anos'. Apenas três jogadores por seleção podem ter mais que 23 anos entre as que participam do futebol masculino nas Olimpíadas. Julián Álvarez tem 24 anos, Otamendi tem 36, e Rulli está com 32.