Boxe: Italiana que desistiu de luta com argelina ganhará prêmio de campeã
A Associação Internacional de Boxe (IBA, sigla em inglês) anunciou que pagará o prêmio de campeã olímpico à boxeadora italiana Angela Carini, que desistiu da luta contra a argelina Imane Khelif, nas Olimpíadas de Paris-2024.
O que aconteceu
O anúncio foi feito nesta sexta-feira (2). O comunicado da IBA conta, inclusive, com uma declaração do presidente da organização.
Eu não conseguia olhar para as lágrimas dela. Não sou indiferente a tais situações e posso garantir que protegeremos cada boxeador. Não entendo por que eles matam o boxe feminino. Apenas atletas elegíveis devem competir no ringue por uma questão de segurança. Umar Kremlev, presidente da IBA
A IBA também anunciou que "protegerá" Sitora Turdibekova, boxeadora do Uzbequistão que foi derrotada por Lin Yu-ting, de Taiwan. Assim como Khelif, Lin também não foi aprovada no "teste de gênero" da organização em 2023, antes do Mundial de Boxe.
A organização já havia anunciado que premiaria medalhistas em Paris-2024 com dinheiro. As Olimpíadas em si não dão premiações em dinheiro — isto fica a cargo de comitês olímpicos locais ou qualquer outro órgão que queira premiar os atletas.
Carini e medalhistas de ouro vão receber 100 mil dólares americanos (R$ 570 mil na cotação atual). Destes, 50 mil dólares (R$ 285 mil) ficam para os atletas e os outros 50 mil restantes são divididos ao meio para a federação do atleta e seu treinador, ou seja, R$ 142,5 mil para cada.
A luta polêmica
A boxeadora Imane Khelif ganhou da italiana Angela Carini em 46 segundos, na última quinta (1º). A argelina desferiu fortes golpes na região do nariz da atleta europeia, que jogou a toalha, desistindo do combate por achar que não tinha condições.
Khelif é uma de duas boxeadoras que não foi aprovada em "teste de gênero" aplicado pela IBA (Associação Internacional de Boxe) em 2023. Ela foi desclassificada do Mundial de Boxe pelo resultado. A boxeadora taiwanesa Lin Yu-ting, que participa das Olimpíadas, também foi reprovada. A IBA não explica em seu site o método do teste, que diz ser "confidencial", mas afirma que elas "têm vantagens comparadas com as outras competidoras".
O porta-voz do COI explicou por que um teste de testosterona não é adequado. "O teste de testosterona não é um teste perfeito. Muitas mulheres podem ter níveis de testosterona iguais ou semelhantes aos dos homens, embora ainda sejam mulheres", disse Mark Adams, porta-voz do COI, sobre o caso.
O COI diz que a IBA não é mais um órgão reconhecido como competente pelo comitê desde 2023. Um documento oficial cita que a organização de boxe apresentou falhas recorrentes relacionadas à integridade e transparência da associação, que foi acusada de manipulação de resultados e corrupção.
Não há qualquer confirmação que Imane Khelif não seja uma mulher cisgênero. A imprensa internacional chegou a levantar possibilidade — sem comprovação — de que a boxeadora argelina seja uma pessoa intersexo (que nasce com características sexuais não binárias).
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