Leifert pede cobrança maior a Marta após expulsão: 'Tem que pegar no pé'

O jornalista Tiago Leifert criticou o que considerou "café com leitismo" da cobertura esportiva diante da expulsão de Marta no jogo do Brasil contra a Espanha, pelo futebol feminino das Olimpíadas de Paris.

O que aconteceu

Leifert afirmou que o erro de Marta foi absurdo e "totalmente incompatível com a melhor jogadora da história". Em seu canal no YouTube, ele criticou as atuações recentes da seleção feminina, classificou como vexame a virada sofrida para o Japão e disse que a camisa 10 já deveria ter sido expulsa nesse jogo. Na decisão contra a Espanha, a capitã do Brasil acertou uma adversária com a chuteira e levou vermelho direto antes do intervalo.

O jornalista pediu uma cobrança maior sobre Marta: "Tem que pegar no pé". Ele comparou o tratamento que foi dado a ela em relação a outros astros do futebol que também erraram, citando Zidane e Neymar. O Brasil jogou o segundo tempo inteiro com uma jogadora a menos e foi derrotado pela Espanha, mas avançou pela combinação de resultados como um dos melhores terceiros colocados e vai enfrentar a França. "Está errado se classificar desse jeito", opinou.

Ele reforçou que ficou revoltado com a cobertura esportiva e disparou que o Brasil não vai ganhar nada enquanto "continuar passando pano". Leifert disse que tal tratamento "atrasa a vida" dos atletas e pediu uma mudança de mentalidade. Ele ponderou que sua crítica é sobre rendimento, desconsiderando fatores como falta de apoio e estrutura, e finalizou: "Não sei se exagerei, mas fiquei muito puto com a cobertura do que aconteceu."

Não vamos ganhar nada assim, se continuar passando pano. Você vê a postagem de todos [os veículos], não é 'levanta a cabeça, rainha'. Não é assim, foi mal, tem que criticar, tem que pegar no pé, tem que cobrar mais, ela é a camisa 10 da seleção, é a goat [em tradução livre do inglês, 'a melhor de todos os tempos'], não pode errar desse jeito. Quando os grandes erram, é porrada pra caramba. É porrada no Zidane, no Neymar, não pode ser esse café com leitismo, isso só atrasa nosso desenvolvimento no esporte. Isso acaba contaminando todos os outros. A gente tem um café com leitismo na cobertura que atrasa a vida do atleta. Tiago Leifert, no TiaGOL

O que mais Leifert disse

"Posso falar mal da Marta? Estão preparados para essa conversa? Nosso futebol feminino, a performance desde a Copa do Mundo é bem abaixo para uma seleção que tem boas jogadoras, inclusive aquela que é considerada a 'goat', a maior de todos os tempos. A gente perde para o Japão em um vexame nos últimos minutos. Naquele jogo a Marta já era para ter sido expulsa. O lance é totalmente incompatível com a melhor jogadora da história, capitã da seleção brasileira, em um jogo em que a gente estava desesperado, ia precisar da presença dela mais o que nunca. Erro dela é muito absurdo.

Acontece com grandes jogadores? Sim, Zidane deu a cabeçada na final da prova, Biles não competiu [em algumas provas] na última Olimpíadas. O que a gente não pode fazer é insistir no 'café com leitismo' de tratar o futebol feminino e Marta dessa forma. Não pode, isso só atrasa o desenvolvimento. Não vamos ganhar nada assim, se continuar passando pano. Você vê a postagem de todos [os veículos], não é 'levanta a cabeça, rainha'. Não é assim, foi mal, tem que criticar, tem que pegar no pé, tem que cobrar mais, ela é a camisa 10 da seleção, é a goat, não pode errar desse jeito.

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Quando os grandes erram, é porrada pra caramba. É porrada no Zidane, no Neymar, não pode ser esse café com leitismo, isso só atrasa nosso desenvolvimento no esporte. Isso acaba contaminando todos os outros. A gente tem um café com leitismo na cobertura que atrasa a vida do atleta. Esquece apoio, dinheiro, patrocínio, estou dizendo cabeça de atleta. Phelps, Cielo, Medina, Bryant. Essa mentalidade não tem nada a ver com apoio, nem com grana, é de graça. Essa mentalidade a gente precisa ter. A gente não pode contribuir para não ter, não podemos contribuir para o choro 'estava longe da família'. O chinês, o americano, é difícil para todos. Tem coisa que é apoio, grana, estrutura, mas tem outra que é de graça, não pode misturar, tem que cobrar isso aí. Foi ruim, a gente se classificou como melhor terceiro, está errado se classificar desse jeito. Tem que entrar muito pilhado contra a França. Não sei se exagerei, mas fiquei muito puto com a cobertura do que aconteceu.

Quer um exemplo? O Caio Bonfim, que ganhou a prata [na marcha atlética]. O Brasil vem crescendo na marcha atlética. (...) O Caio foi 4º em 2016, depois ficou em 13º em Tóquio. Se fosse hoje, aplicando o café com leitismo, seria 'parabéns, levanta a cabeça'. Sabe o que ele falou? Que assim que terminou Tóquio, ele pensou: 'O que aconteceu comigo? Não consigo ir mais do que isso, que vergonha é essa?' Imagina cair de 4º para 13º. E aí ele vai, treina, treina, treina, e é prata. Cabeça de atleta é essa. Atleta acha uma merda terminar em 28º. Tem caso a caso, mas olha o judô, não tem que cobrar um pouco mais? (...) Não vejo porque não cobrar, quero ganhar também. O atleta quer ganhar".

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