Quem é Gabi Regly, que desabafou após fala na CazéTV sobre nado artístico
Gabriela Regly desabafou por um comentário sobre nado artístico feito na transmissão da CazéTV durante as Olimpíadas de Paris. Ela é atleta da seleção brasileira da modalidade e multicampeã sul-americana.
Quem é ela
Gabi Regly tem 24 anos e entrou no esporte muito cedo. Começou a praticar o nado artístico aos 5, com sua irmã mais velha, e aos 12 já integrava a seleção brasileira da categoria, sendo campeã juvenil. Deu seus primeiros passos no Fluminense, antes de mudar de clube.
É atleta do Flamengo e começou a competir em mundiais em 2014. Ela chegou no Fla em 2007 e segue no clube até então. Também é 3º Sargento na Marinha do Brasil.
Foi oito vezes finalista mundial e seis vezes campeã sul-americana. Ganhou uma medalha de ouro e outra prata por equipes na World Series de 2019, em Paris.
Conquistou a medalha de bronze nos Jogos Pan-Americanos de Santiago, na rotina livre junto de seu dueto Laura Miccuci. Foi a primeira medalha brasileira na modalidade em 12 anos — a última havia sido em 2011. Recebeu o prêmio de melhor atleta do nado artístico no ano passado, com sua dupla.
Não conseguiu a classificação para as Olimpíadas de Paris. Ficou em 17º na rotina livre e 25º no técnico no Mundial de 2024, no Qatar, com seu dueto. Na edição de 2023, ficou em 16º na rotina livre e em 15º lugar na rotina técnica.
Treina cerca de oito horas por dia. Contratou consultoria do treinador japonês Mayyuko Fujiki, que reergueu a modalidade na Espanha.
As pessoas perguntam se é o esporte que dança na água. Isso me revolta um pouco. É mais que só colocar a perna para cima ou um balé aquático. Ficam chocados quando descobrem que a gente treina oito horas por dia. Treinamos mais que muitos esportes coletivos. Precisa ser perfeito. Gabriela Regly, ao Olympics.com
Desabafo sobre fala na CazéTV
Gabi Regly detonou a declaração de Guilherme Beltrão sobre atletas da modalidade irem a Paris para "comer gente". Ela compartilhou nas redes sociais um recorte de vídeo da transmissão da CazéTV em que o comentarista dá a declaração após dizer que atletas do nado não têm chance de medalha. A conversa no programa Zona Olímpica era sobre bastidores da Vila Olímpica.
A Adenizia é campeã olímpica, ela realmente importa para a competição. O 'camarada' do nado sincronizado, que não tem chance de medalha, tem que ir por dois objetivos: se superar e comer gente. Guilherme Beltrão, no Zona Olímpica
A atleta disse que se sentiu revoltada e desrespeitada. Ela relatou sua rotina de treinos para representar o país em campeonatos sul-americanos e mundiais. Junto de Laura Micucci, foi medalhista de bronze no Pan-Americano de Santiago, no ano passado, mas o dueto brasileiro não conseguiu se classificar para Paris — as disputas da modalidade começam em 5 de agosto.
Gabi se emocionou durante o desabafo. Com a voz embargada, ela reforçou sua indignação e repudiou a fala. A atleta marcou os perfis do comentarista e da CazéTV, além do humorista Fábio Porchat, que participava do programa. Após a fala de Beltrão, todos os presentes deram risada.
O UOL procurou a assessoria da CazéTV por um posicionamento sobre o assunto. O texto será atualizado em caso de retorno.
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Resumo dos resultados dos atletas brasileiros de olho em Los Angeles 2028 e os bastidores do esporte. Toda segunda.
Quero receberEu vi e fiquei extremamente revoltada, indignada com as falas infelizes que o Beltrão teve. (...) Ele disse que a gente vai para a Vila Olímpica para 'comer gente'. Isso é um completo absurdo, uma falta de respeito com a gente.
Você estar assistindo a Olimpíadas e ouvir na transmissão que atletas vão para a vila para 'comer gente'... Não sei nem falar, dá vontade de chorar. Só a gente sabe por tudo o que a gente passa. Escutar isso é um absurdo, falta de respeito tremenda. Gabi Regly, via Instagram
O que mais ela disse
Falta de respeito: "A gente treina com a seleção brasileira mais de 8h por dia para disputar um sul-americano, um mundial. Treina muito, fica tão cansada que não consegue sair para jantar com a família no fim do dia. Para representar o nosso país, por mais que a gente não tenha chances. Eu e Laura fomos medalhistas pan-americanas no ano passado, fruto da dedicação de anos".
Vida no esporte: "Nossa vida gira em torno do esporte. Ano passado, tentando disputar a vaga olímpica, a gente acordava, ia treinar, dormia. Passava mais tempo na piscina que na minha cama, na minha casa. Mais tempo com as atletas que com minha família. Muito triste escutar isso. A gente não vai nenhuma competição para 'comer gente'. Se eu fosse para Paris ou se for para Los Angeles, não seria para isso, seria para representar o Brasil".
Sem chance de medalha: "Ele disse que o atleta de nado não tem chance de medalha. Realmente, hoje acredito que não tenha. Sou uma atleta que disputei a vaga olímpica, infelizmente a World Athletics mudou as regras de Tóquio e a a gente não conseguiu vaga para Paris, conseguiria se fosse em Tóquio, mudaram e a gente não conseguiu".
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