Choro, piti e reclamação: o drama de queimar a largada nos 100m rasos

Os árbitros, então, foram irredutíveis. Sabino foi para a cabeceira da pista e colocou os braços no joelho, se lamentando. Com a desclassificação, o atleta se despede das Olimpíadas após uma participação de menos de um segundo. Ao UOL, ele se emocionou e pediu perdão à família e aos compatriotas.

Dei tudo de mim nos treinamentos para esse momento. Eu trabalhei tanto para ter essa oportunidade e simplesmente não consegui. Peço muitas desculpas para os meus pais e todos que estão lá em casa, todo o meu país. Desculpa.
Steven Sabino

"Quando eu cheguei lá, eu me senti bem. Falaram 'prontos' e eu estava preparado. Depois, eu ouvi um barulho e, como usam pistola elétrica, eu fui. Me explicaram que não tinha sido o tiro. Protestei, mas eles disseram que eu queimei. Não me deixaram correr nem sob protesto. Pedi quatro vezes, negaram. Eu sei que eu tenho direito a correr em protesto, mas negaram", completou Sabino.

Outro atleta que não lidou bem com a eliminação após queimar a largada foi o britânico Jeremiah Azu. Ele estava na bateria do brasileiro Felipe Bardi, na primeira fase das eliminatórias, e também começou a correr antes do tiro.

Indignado com a punição, Azu demorou a se retirar na pista e questionou os árbitros inúmeras vezes. A prova, inclusive, demorou para recomeçar. Segundo Bardi, eventos como esse desconcentram e prejudicam os demais atletas.

Eu tinha saído bem no primeiro tiro, mas o atleta da raia quatro acabou queimando, aí voltou. Ainda tentei sair bem mais uma vez, porque eu ainda tenho um pouquinho de dificuldade na aceleração, na saída. Isso que eu queria acertar, porque meu forte é no fim da prova. E foi difícil.

Azu saiu revoltado e passou reto pelos jornalistas. Diferente de Sabino, ele ainda volta à pista do Stade de France para competir o revezamento 4x100m. Em compensação, quando se fala de prova individual, as Olimpíadas de Paris já acabaram para ele.