Girl Power: Brasil encerra participação na natação com 3 finais femininas
As mulheres da natação brasileira estão pedindo passagem. O Brasil encerrou sua participação na piscina das Olimpíadas de Paris sem medalhas pela terceira vez em 20 anos, mas com bons indicativos para o futuro feminino da modalidade. A natação masculina, com poucos nomes em ascensão, pede atenção.
Logo no primeiro dia de disputa, o elenco feminino brasileiro mostrou força com Maria Fernanda Costa. A brasileira colocou o país de volta na final dos 400m livre após 76 anos, quando Piedade Coutinho conquistou a quinta colocação. Mafê terminou em sétimo, em uma disputa fortíssima com Katie Ledecky (EUA), Summer McIntosh (Canadá) e Ariarne Titmus (Austrália), e conquistou o melhor resultado da natação feminina desde 2004.
Com o desempenho, Maria Fernanda se tornou a sexta finalista olímpica brasileira de provas individuais da natação feminina. Ela entrou para o grupo de Piedade Coutinho, 5º lugar nos 400m livre em 1936 e 1948; Joanna Maranhão, 5º nos 400 medley em 2004; Flavia Delaroli, 7ª nos 50m livre em 2004; Gabriela Silva, 7ª nos 100 borboleta em 2008 e Etiene Medeiros, 8ª nos 50m livre em 2016.
E não parou por aí. Dias depois, Beatriz Dizotti levou o Brasil à primeira final olímpica feminina dos 1500m livre após se recuperar de uma cirurgia nos ovários em dezembro de 2023. Ela fechou sua participação com o sétimo lugar.
A outra marca importante foi a classificação do revezamento 4x200m feminino à final, o que não acontecia desde as Olimpíadas de Atenas em 2004. A equipe formada por Maria Fernanda Costa, Stephanie Balduccini, Maria Paula Heitmann e Gabrielle Roncatto conseguiram a sétima colocação, com direito a quebra do recorde sul-americano de Mafê.
As marcas das mulheres poderiam ter evoluído ainda mais se não fosse um infortúnio no meio da preparação de Stephanie. A nadadora brasileira de 19 anos estava em sua melhor performance quando foi surpreendida por uma apendicite semanas antes da sua participação na seletiva. Ela competiu antes de fazer cirurgia e não conseguiu vaga em provas individuais, o que aumentou ainda mais sua sede por um ótimo resultado em 2028.
Após o revezamento, Stephanie celebrou a marca e destacou o quanto é importante notar cada vitória da natação brasileira, principalmente a evolução feminina, e não somente as medalhas.
"A gente fez história hoje. Uma vitória não é uma medalha, são feitos históricos e a gente fez história hoje. A Mafê bateu o recorde sul-americano. A gente nadou muito bem, quase quase batemos o recorde sul-americano. Somos as sétimas do mundo. Eu estou bem feliz", exaltou Stephanie.
A natação feminina passou por cima da polêmica envolvendo a expulsão de Ana Vieira e mostrou que o clima entre as atletas não tinha sido afetado. A atleta foi desligada após discutir com a comissão técnica, que optou por poupar Maria Fernanda do revezamento 4x100m para focar em sua especialidade, que ocorreu no mesmo dia, o 200m livre.
Atenção ao grupo masculino
Guilherme Costa foi o único representante entre os homens da natação brasileira a alcançar uma vaga na decisão e conseguiu um baita resultado. Cachorrão pulou na piscina, fez o melhor tempo da vida (3min42s76) e bateu o recorde pan-americano, mas terminou na quinta colocação. Com essa marca, o nadador subiria ao pódio nas duas últimas Olimpíadas.
O que talvez possa ligar o alerta internamente é o número baixo de finais alcançadas, desta vez foram apenas quatro, sendo três pelas mulheres e uma do Cachorrão. Em Tóquio, os nadadores chegaram a seis finais masculinas e na Rio-2016, em oito para os homens e uma com Etiene Medeiros.
Nesta edição as mulheres evoluíram, mas os homens caíram de rendimento. Havia uma expectativa, por exemplo, em Guilherme Caribé nos 100m livre. O baiano de 21 anos é o principal velocista do Brasil da natação na atualidade, mas acabou com o 10º tempo das semifinais e fora, portanto, da final.
Os revezamentos masculinos também fizeram falta no desempenho brasileiro. Nas últimas duas Olimpíadas, dois quartetos brasileiros conseguiram vagas nas finais. Em Tóquio, o 4x100m livre e 4x200m livre brigaram por medalha; na Rio-2016, o 4x100m livre e o 4x100m também foram para a decisão. Desta vez, os dois revezamentos classificados não fizeram boas provas.
A natação brasileira está em período de renovação e viajou à Paris sem o medalhista Bruno Fratus, que não se recuperou a tempo de uma lesão e, por isso, acabou fora da disputa por uma vaga nas Olimpíadas.
Apesar da frustração, já existia a consciência de que a medalha nos Jogos deste ano seria uma surpresa. Era uma delegação mais enxuta, que classificou oito atletas a menos do que em Tóquio. Tanto comissão técnica, como atletas deixaram a La Defense Arena já pensando no trabalho em andamento para a evolução do resultado nas Olimpíadas de Los Angeles-2028.