Rap de BK' vira mantra de Marcus D'Almeida e cantor responde: 'Amassa'

"No final é tipo espelho. Você com você mesmo". É este trecho da música "Carta Aberta", do rapper BK', que inspira Marcus D'Almeida no tiro com arco da Olimpíada de Paris-2024. O arqueiro está nas oitavas de final e enfrenta neste domingo (4) o sul coreano Kim Woo-Jin, número 2 do mundo, algo que não abala a maneira como ele encara seu esporte.

É o cara que mais gosto hoje do rap. É o rap de mensagem. A gente vê tantos raps aí que não levam mensagem, mas o BK' é totalmente diferente disso. Sou fã. Esse trecho, 'no final é tipo espelho, você com você mesmo'. O tiro com arco é isso, né? E o BK' continua na música: 'deixe seu coração se tornar trilho' e é isso que estou fazendo aqui. Sou eu comigo mesmo, meu coração me levando para o melhor resultado que eu possa conseguir.
Marcus D'Almeida

BK': 'Pra cima, meu mano! Amassa!'

Marcus D'Almeida ganhou de sua irmã um quadro do álbum "Icarus", do rapper carioca, por saber da idolatria do arqueiro pelo músico.

O UOL contou a história para BK', que demonstrou muita felicidade com a notícia. O rapper desejou sorte ao atleta e sua produção fez questão de solicitar à reportagem que o áudio fosse encaminhado ao arqueiro, algo que foi feito e causou surpresa a Marcus, que disse que irá salvar o arquivo em seu telefone.

É incrível ver minha música inspirando um atleta de alto nível, nas Olimpíadas, e ver o poder que o rap tem. É o que sempre falo: se consigo passar para as pessoas o que o rap fez por mim, isso é uma realização pessoal. Fico muito feliz, de verdade. Que minhas músicas, junto com os treinos do Marcus, consigam dar essa vitória. Que o Marcus seja muito feliz e faça o povo brasileiro muito feliz também. Acredito que ele já esteja muito feliz só de estar lá, mas que possa realmente ser contemplado com os melhores resultados. Para cima, meu mano! Vambora! Amassa!
BK', ao UOL

'Não estou aqui para escolher adversário'

Marcus D'Almeida é o atual número 1 do mundo. Por conta disso, especialistas classificam o duelo com o sul coreano como uma "final antecipada".

O brasileiro, porém, não foca em Kim Woo-Jin e, sim, no alvo de suas flechas. O carioca diz que não está em Paris para escolher adversário.

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O arqueiro tem recebido o apelido de "Legolas" da torcida. Trata-se de um personagem da trilogia "Senhor dos Anéis", de J.R.R. Tolkien, que virou filme blockbuster.

Marcus D'Almeida também disputa nesta sexta as oitavas mistas do tiro com arco. Sua parceira na competição é Ana Luiza Caetano.

Veja a entrevista de Marcus D'Almeida

Final antecipada?: "É uma final antecipada, mas também é cedo para falar que já se está no pódio, porque depois ainda tem as quartas e a semis. O número um e o número dois nas oitavas não é o que todo mundo esperava, mas foi o que aconteceu, e estou preparado para isso. Como falei desde o início, não estou aqui para escolher adversário. E se é ele [Kim Woo-Jin], tudo bem, 'vambora'. Tenho um objetivo e um caminho. E se no caminho tem ele, quero sair vitorioso".

"Sou eu e o alvo": "Fico feliz de estar disputando essas oitavas. Vai ser um combate duro, não estou esperando nada fácil, todos os planos que pedi a Deus não têm a ver contra quem, tem a ver comigo. Estou muito focado sobre que vou fazer, sobre a linha de tiro. Sou eu e o alvo, já venho falando sobre isso há muito tempo, e nas oitavas vai ser mais um dia sobre isso. Não estou me importando com ele, mas a gente sabe que vai ser um combate num nível muito alto".

Como se prepara no dia da competição: "De preferência poder acordar com calma, tomar um bom café da manhã, num lugar tranquilo. Gosto muito de música, normalmente vou no ônibus ouvindo música, curtindo, não gosto muito de ficar em rede social no dia da competição, até porque a gente fica muito tempo no ônibus e eu sou daquele tipo de pessoa que sente dor de cabeça no ônibus se ficar no telefone, então boto uma música e vou. E chegando no campo, gosto de atirar. O pré-competição é atirar, aquecer, fazer aquilo que me faz bem".

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Se sente desprestigiado mesmo sendo o nº 1?: "Desprestigiado é uma palavra muito forte, não me sinto assim. Venho buscando meu espaço, o espaço do tiro com arco, de ser reconhecido como número um do mundo, afinal. Estou tendo esse espaço, a prova disso é vocês [jornalistas] aqui me ouvindo, querendo saber, então esse é o caminho".

Apelido de Legolas, mas lembrança é do cupido: "Eu gosto, é uma referência muito legal, mas não comecei nesse esporte por nenhum livro, nenhum jogo, nada disso. Acho que o que me lembra o tiro com arco primeiro é o cupido, então talvez o cupido seja o que mais gosto. Comecei o tiro com arco como uma modalidade mesmo".

Foco no corpo e evolução do esporte no Brasil: "Vi que tinha muitas falhas. Vi que se treinasse mais do que aquilo, estaria muito perto da lesão, então precisava achar outros caminhos de melhorar e fui entender todos os pilares trabalhando com minha psicóloga também. Identifiquei os problemas, os erros e onde podia melhorar, porque de ficar horas atirando, eu sempre amei isso, não tenho problema nenhum em fazer volume de treino, só que tem uma hora que o corpo não aguenta, então temos que procurar outras maneiras de melhorar. E sobre o esporte no Brasil, ele está caminhando e acho que num ritmo bom, nem muito rápido, nem muito devagar. Está num ritmo contínuo, o campeonato tem melhorado, estamos tendo torneios internacionais, a sede da confederação está melhorando, estamos buscando formar mais atletas no sentido profissional. Estamos a passos bons e contínuos".

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