'Só conseguia admirar': enfrentar Biles (mesmo só perdendo) emociona rivais
"Se é impossível vencê-los, junte-se a eles". Na ginástica artística, o ditado precisa de uma leve adaptação: se é impossível superar Simone Biles, aproveite o momento para admirá-la.
É o que fazem, de diferentes formas, as concorrentes da norte-americana na disputa da ginástica artística feminina das Olimpíadas de Paris.
Rebeca Andrade, medalhista de prata no solo e no salto, é a única que ainda parece ter alguma chance — no caso de alguma falha de execução da norte-americana.
No individual geral, a brasileira chegou a liderar depois das apresentações no salto e nas paralelas assimétricas. A trave e o solo confirmaram que era impossível superar Biles, que jamais perdeu uma competição de alto nível na soma dos quatro aparelhos.
No salto, Biles foi a quarta a se apresentar; Rebeca, a sexta. A brasileira já entrou na competição sabendo que seria quase impossível chegar ao nível da rival. A surpresa não veio.
Mas Rebeca é um mundo à parte. Às demais ginastas, cabe redimensionar as expectativas:
já que não dá pra ganhar (e às vezes nem pra chegar perto) de Biles, elas aproveitam a chance de ver uma das maiores atletas de todos os tempos em ação. Ali, de pertinho. E sem pagar ingresso.
"Você simplesmente olha para o que ela faz e pensa "é, eu não consigo fazer isso". Ninguém pode realmente fazer isso. Então, é simplesmente incrível testemunhar isso e estar na final com ela também", disse ao UOL a britânica Georgia-Mae Fenton, quarta colocada por equipes em Paris e 18ª na prova individual geral.
A também britânica Alice Kinsella, 11ª colocada, admitiu: como todo mundo na Bercy Arena, ela parou o que estava fazendo para admirar a apresentação da norte-americana no exercício de solo. "Eu só conseguia admirar. Assistir aquele solo pessoalmente foi simplesmente incrível. Eu ficava falando "uau". Não tenho palavras, para ser sincera".
Para a húngara Bettina Lili Czifra, Biles é uma inspiração para acreditar em si mesma. A ginasta, de 17 anos, terminou na 21ª posição entre 24 finalistas. Estava com os olhos brilhando e um sorriso que não saía do rosto. "Às vezes eu vejo ela fazer algo e penso "um dia eu também poderei fazer isso". Hoje eu ainda não consigo, mas eu tenho um objetivo para o futuro", afirmou.
A portuguesa Filipa Martins concorda com a colega. Para ela, a superestrela norte-americana mudou os rumos do esporte e subiu o nível de todas as praticantes. "Quando ela apareceu, a gente pensava que ninguém chegaria perto. Mas as outras começaram a melhorar. Todas nós queremos chegar mais perto, e isso é ótimo para subir o nível do nosso esporte".
A admiração das rivais por Biles é algo atemporal: é venerar o passado, vibrar com o presente e projetar o quanto ela será importante para quem vier depois.
"A Simone é alguém que mudou o futuro deste esporte por muitos anos. Ela merece todo o respeito do mundo. O que ela faz é incrível. Foi muito especial ser uma parte pequena dessa prova e poder competir com ela", disse Luisa Blanco, 23ª colocada.
Depois de conquistar os ouros por equipes, no individual geral e no salto, Biles voltará à Bercy Arena na segunda (5), para as finais da trave e do solo. Será a última chance do público vê-la em ação em Paris. E das adversárias, também.
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