Atleta do Congo denuncia violência no país após eliminação no boxe
Rafaela Polo
Do UOL, em São Paulo
04/08/2024 14h27
Marcelat Sakobi, 28, foi eliminada das Olimpíadas, mas passou seu recado dentro do ringue. A boxeadora congolesa perdeu a luta para a uzbeque Sitora Turdibekova e, em lágrimas, alertou o mundo sobre a violência em seu país.
Sakobi apontou uma das mãos da cabeça, como se fosse uma arma, e colocou três dedos nos lábios, para sinalizar o silêncio. A República Democrática do Congo sofre com ataques violentos há mais de 20 anos, fruto de uma guerra civil entre grupos armados locais e o exército, e pouco se fala sobre isso na mídia.
Em fevereiro deste ano, a Chefe da Missão da ONU no país, Bintou Keita, pediu ajuda ao Conselho de Segurança para tentar evitar mais situações de violência. Segundo ela, desde dezembro de 2023 pioraram muito as situações de abusos de direitos humanos, o que incluí sequestros, extorsão e violência sexual.
Ela ressaltou também a preocupação com os mais de 400 mil desalojados do país e do aumento do número de contaminados com cólera, pois não há água potável disponível - e nem saneamento adequado.
Esporte faz sua parte
Sakobi não foi a primeira atleta a se manifestar em busca de apoio ao país para o fim da violência. O primeiro a chamar a atenção para o problema foi o atacante do Betis, da Espanha, Cédric Bakambu.
O franco-congolês comemora gols com esse gesto desde fevereiro de 2022. Em dezembro de 2019, ele criou uma Fundação que leva seu nome para ajudar a população necessitada do Congo e se mantém ativo ajudando os necessitados do país com itens básicos, como água, alimentação e acesso à educação.
Durante a Copa Africana das Nações, que aconteceu em fevereiro deste ano, Bakambu se uniu aos colegas de time para fazer um alerta coletivo sobre a violência. Nas redes sociais, ele explicou o gesto.
"Essa também pode ser uma oportunidade para irmos além do futebol e alertar o mundo sobre o que está acontecendo no leste do Congo. Muito orgulho de meus companheiros por se posicionarem. Não podemos parar de rezar, agir e pedir segurança e paz para todas as famílias que foram devastadas. Todos podem e devem fazer suas parte", escreveu.