Se fenômeno francês fosse um país, estaria em 9º no quadro de medalhas

Sozinho, León Marchand está na frente do Brasil no quadro de medalhas. Aliás, ele estaria em nono lugar na lista neste momento. Afinal, o fenômeno francês da natação conquistou nada menos do que quatro ouros nas Olimpíadas de Paris, superior ao do Canadá em relação ao prêmio dourado. O nadador é o atleta mais condecorado destes Jogos (mas corre o risco de ser ultrapassado por Simone Biles). Essa sede por vitórias foi o que 'salvou' a presença do atleta nas piscinas, porque já houve uma época em que ele fugia da água.

A natação está no sangue de Marchand: a mãe Celine participou das Olimpíadas de 1992 e o pai Xavier foi finalista olímpico em 1996 e 2000. O tio também nadou em Jogos Olímpicos. O caminho de Léon era naturalmente seguir nas piscinas, mas ele não era tão fã do esporte-base da família.

O pequeno sentia frio durante os treinos de natação e preferiu tentar a sorte no rúgbi. A família deu forças para o francês voltar à agua e ele, então, ganhou sua primeira competição nacional em 2019. Foram os 200m borboleta. A partir daí, os arrepios de frio foram sumindo e o amor pela piscina só cresceu, ainda mais agora quando pôde competir ouvindo gritos incansáveis de "Allez les bleus" a cada respiro entre as braçadas na La Defénse Arena.

Na última sexta-feira (2), Marchand conquistou sua quarta medalha de ouro nesta edição das Olimpíadas ao vencer os 200m medley com quebra de recorde olímpico que pertencia a Michael Phelps. Antes, já havia batido outros três recordes, justamente nas provas em que conquistou o topo do pódio: 200m peito, 200m borboleta e 400m medley.

Foi uma loucura. Mais uma vez, o público estava aqui torcendo muito. Era minha última prova individual, então eu disse a mim mesmo que tinha que realmente aproveitar. Eu tinha muito mais energia do que outro dia, me senti muito mais relaxado e realmente queria fazer um bom trabalho na minha última final, e foi isso que aconteceu, então foi ótimo.
Léon Marchand

O segredo de Marchand

Nas Olimpíadas de Paris, Marchand levou a La Defense Arena abaixo ao ganhar o primeiro ouro do país na natação desde Londres-2012, com direito a derrubar recorde olímpico do multicampeão Michael Phelps nos 400m medley. O 'tubarão' estava assistindo ao possível sucessor na arquibancada.

Mas de onde vem o sucesso meteórico do francês que saiu de uma edição olímpica, em Tóquio-2021, sem nenhuma medalha para chegar ao céu da natação olímpica com quatro medalhas de ouro? A explicação está, também, relacionada a Phelps.

Em setembro de 2021, Marchand foi procurar o treinador do multicampeão norte-americano: Bob Bowman. Como nem tudo é mágica, não bastou somente ter um treinador cheio de medalhas, o francês também precisou trabalhar especificamente para superar a barreira da altura, já que ele tem 1,87m, tamanho considerado baixo para a modalidade (Phelps tem 1,93m) e suas especialidades, como o nado borboleta.

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Com ajuda de Bowman e toda a estrutura da Universidade do Estado de Arizona, Marchand desenvolveu força de explosão e passou a colecionar títulos no fortíssimo campeonato universitário americano (NCAA) até chegar em 2023 e bater o recorde mundial dos 400m medley. Nadou em 4min02s50 em Fukuoka, no Japão. Foi o primeiro atleta da história a nadar a prova abaixo de 4min3seg e superou em mais de um segundo a marca de Phelps, com 4min03s84, que perdurava há 15 anos.

O céu é o limite para Marchand e, agora, a altura não importa mais. E quem diz isso é o próprio nadador francês, que projetou um futuro promissor e já está de olho em atingir mais recordes nas Olimpíadas de Los Angeles, em 2028.

"Eu definitivamente continuarei treinando com Bob [Bowman]. Nós compartilhamos momentos incríveis aqui. Temos trabalhado muito duro nos últimos três anos. Não sei quais meus próximos passos para evoluir, acho que meu técnico vai realmente me ajudar com isso, porque ele sabe muito sobre o assunto. Para mim, ainda não acabou, é só o começo. Estou realmente animado pelo o que vem a seguir. Minha próxima meta é LA-2028, com certeza, e eu só quero continuar nadando.
Léon Marchand

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