Fuso e equipes reduzidas deixam repórteres vulneráveis a casos de assédio

Casos de assédio como o sofrido pela repórter da EBC (Empresa Brasil de Comunicação) Verônica Dalcanal, surpreendida pelo comportamento de três homens que a cercaram e beijaram seu rosto e cabeça enquanto ela dava notícias ao vivo durante a cobertura dos Jogos Olímpicos são uma preocupação diária para as equipes que trabalham no evento.

Com o fuso horário de cinco horas a mais em relação ao horário de Brasília, é de praxe que as equipes façam entradas ao vivo até mesmo durante a madrugada ou no final da noite, encontrando torcedores muitas vezes embriagados, o que aumenta as chances de presenciar comportamentos desse tipo.

E, atualmente, mesmo as TVs enviam equipes reduzidas, diminuindo a possibilidade de controlar essas interações indesejadas com o público. É uma realidade diferente de alguns anos atrás, quando haveria produtores e até operadores de áudio e luz trabalhando nas ruas.

No caso de Verônica, a equipe era formada apenas pela repórter e cinegrafista. E há muitos situações em que repórteres trabalham sozinhos nas ruas e ficam mais vulneáveis. Aproveitando o foco do jornalista no programa, eles se aproximam sem que quem está olhando para a câmera consiga perceber.

Foi o que aconteceu com Verônica, que foi surpreendida e teve como reação falar "assim, não", em português mesmo, ainda que tivesse percebido que o grupo não era formado por brasileiros. Ela não conseguiu distinguir a língua que eles falavam.

Essa foi a primeira vez que a repórter passou por este tipo de situação, embora ela já tenha ouvido relatos semelhantes de colegas.

O que aconteceu

A repórter participava da transmissão ao vivo da TV Brasil, no último sábado (3), quando foi assediada por três homens. Enquanto Verônica relatava o dia dos atletas brasileiros, os homens, aparentemente estrangeiros, se aproximaram.

Um dos homens chegou próximo da jornalista e beijou o seu rosto sem consentimento. Logo depois, outro se aproximou e também a beijou.

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Verônica repudiou o assédio e desabafou: "Eu estava dando as informações durante a transmissão da série B e aí um grupo de torcedores invadiu o vivo. A gente sabe que é normal a torcida interagir com os repórteres, mas eles foram muito desrespeitosos comigo e ultrapassaram limites."

Me tocaram, encostaram em mim, enfim. Eu não consigo nem descrever o que aconteceu direito e eu não pretendo ver as imagens, disse
Verônica Dalcanal

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