Rebeca faz o que só a seleção fazia: Olimpíada teve clima de Copa do Mundo
Em uma escola do bairro de Laranjeiras, no Rio, alunos foram liberados para assistir à prova.
Em Jundiaí, no interior de São Paulo, tinha gente no supermercado com o celular na mão comemorando quando Simone Biles pisou fora do tablado.
Não deve ter tido um condomínio de prédios em todo o país em que não se ouviu, por mais discreto que seja, um "é ouroooo!"
Relacionadas
Rebeca Andrade fez, nesta segunda-feira (5), algo que era um privilégio do futebol (ou do vôlei, para sermos honestos): gerou tanta comoção que a comemoração chegou às ruas. A medalha de ouro no solo na ginástica artística foi comemorada como Copa do Mundo.
"As mulheres ficaram gritando em um dos grupos que participo do WhatsApp. Cada uma mandou um áudio de um local diferente do país", contou a cirurgiã dentista Naome Mendes, 25.
Na cidade dela, Campina Grande, na Paraíba, é feriado e o estado inteiro pôde ficar em frente à televisão. "Eu fiquei nervosa, estava suando e tremendo. Parecia que eu ia competir", disse.
"Quando a Simone Biles terminou a apresentação dela, eu já estava gritando pela casa 'é ouro' e meus cachorros latindo. Gosto da Simone, mas cabia a mim, como brasileira, torcer pela Rebeca", disse Déborah Ribeiro de Carvalho, 28, assessora no Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Na última nota, ela não conteve a emoção. "Comecei a chorar, não sabia o que fazer", completou.
Só de Paris, Rebeca Andrade vai levar quatro medalhas. A primeira foi o bronze histórico por equipes. A segunda, uma prata no individual geral. Depois, veio mais uma prata, no salto e, enfim, o ouro no solo.
Antes da comemoração pelo ouro, a torcida brasileira já tinha se rebelado por causa da nota que Rebeca Andrade recebeu na trave. Mesmo sem cair, ela ficou fora do pódio. O vídeo da árbitra chinesa tirando foto da prata da compatriota que competiu com Rebeca gerou um rebuliço. Mas não mudou o resultado final.
Mas a cena perfeita do dia aconteceu depois. As notas não puderam negar a soberania de Rebeca. Ela se apresentou antes de Simone Biles - foi logo a segunda.
E quando saiu a nota de Biles, o responsável pelo sistema de som da Casa Brasil, em Paris, já soltou o hino nacional. "Queimou a largada", mas não deu azar.
A cena mais marcante do dia - uma das mais inesquecíveis da edição atual dos Jogos - foi a reverência das amigas/adversárias Biles e Jordan Chiles no pódio. Em Paris, o hino nacional desta vez era tocado na hora certa, trazendo a emoção e euforia Brasil afora.
Rebeca Andrade sai de Paris como a atleta com mais conquistas olímpicas do Brasil, somando seis medalhas, ao todo.
Outros resultados
Quem ainda está no páreo para o pódio em Paris é a dupla de vôlei de praia, Ana Patrícia e Duda, que avançou para as quartas de final após despachar adversárias japonesas.
O vôlei masculino, por sua vez, perdeu para os Estados Unidos nas quartas de final e deixa Paris de mãos abanando.
Ah, Ana Sátila, da canoagem, completou sua maratona de competição em oito dos últimos dez dias. Infelizmente, também não pegou pódio, apesar de alcançar o melhor desempenho do Brasil na modalidade em Jogos Olímpicos. Fica para a próxima.