Vencedor dos 100m em Paris foi definido após análise de 40 mil imagens
Da Redação
São Paulo
05/08/2024 15h33
Apenas cinco milésimos de segundo separaram ouro e prata nos 100m rasos em Paris-2024. O americano Noah Lyles completou a prova em 9s784, enquanto o jamaicano Kishane Thompson registrou 9s789. Uma diferença tão pequena que não apareceu nos placares que registravam só duas casas decimais, como normalmente os tempos são exibidos nas transmissões de TV. Tão minúscula que Lyles e Thompson ficaram no suspense por aparentemente intermináveis 28 segundos até que o resultado oficial fosse confirmado.
Segundo o regulamento, as extremidades do corpo, como pés, braços e cabeças, não contam para decidir quem vence as corridas no atletismo. O que determina o vencedor é é área do torso, por isso Lyles foi declarado o vencedor.
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Para enxergar essa diferença foi necessário analisar imagens da chegada por três ângulos diferentes com uma tecnologia chamada Scan 'O' Vision Ultimate, um conjunto de câmeras de linha de chegada capazes de produzir 40 mil imagens por segundo. Segundo a Omega, fabricante e patrocinadora dos Jogos Olímpicos, são câmeras quatro vezes mais rápidas do que as usadas em Tóquio 2020. Só assim, mesmo com cronômetros com resolução de até um milionésimo de segundo, é que Lyles foi declarado o vencedor.
A empresa suíça levou 350 toneladas de equipamento até Paris, e isso inclui muito mais do que seus cronômetros e câmeras de linha de chegada.
Em uma prova como os 100m rasos, por exemplo, os blocos de largada têm sensores que registram mudanças na força aplicada e, consequentemente, largadas queimadas. Além disso, há sensores de movimento que sistemas de posicionamento que rastreiam velocidade, passadas e todo tipo de dados biomecânicos que podem ser usados nas transmissões de TV.
'Campeões mundiais de quê?'
Campeão mundial nos 100m, 200m e revezamento 4x100m no ano passado, Lyles viralizou ao questionar, em uma entrevista coletiva, o título de "campeões mundiais" que é ligado aos campeões da NBA a cada ano.
"O que me incomoda mais é que tenho que ver as finais da NBA e colocam [o rótulo de] "campeão mundial" sobre eles. Campeão mundial do quê? Dos Estados Unidos? Não me entendam mal, amo os EUA - às vezes - mas não são o mundo. Isso não é o mundo. Aqui somos o mundo. Temos quase todos os países aqui lutando e levantando suas bandeiras para mostrar que são representados. Não há bandeiras na NBA."