Percurso mais difícil da história derruba cavaleiros e faz Rodrigo desistir
Colaboração para o UOL, em Versalhes
06/08/2024 07h42
A arena provisória nos jardins do Palácio de Versalhes, antigo castelo real e patrimônio mundial da humanidade, não é impressionante só para os humanos. Para os cavalos também. Mas, no caso deles, pelo grau de dificuldade da pista montada para a final olímpica do salto.
Nunca exigiu-se tanto dos animais, os melhores do mundo. Não só pela altura dos obstáculos, até 1,65m (imagine um cavalo passando por cima de você), mas também pela forma como eles foram dispostos e pelo limite de tempo: 84s.
"É a pista mais difícil que eu já peguei na minha vida, sem dúvida. Quinze saltos, vários esforços, dois duplos, um triplo, rio, tudo que você pode imaginar de parte técnica estava aí. Pegaram os dois maiores armadores do mundo e é uma final olímpica. Obstáculos enormes, tempo apertado. Então você pega os três zeros, e eles realmente merecem medalha", comenta Stephan Barcha, brasileiro que ficou em quinto lugar.
"Zero" é quando um conjunto completa o percurso sem derrubar nenhum obstáculo. Tanto na Rio-2016 quanto em Tóquio-2020, foram oito zeros nesta mesma fase da final e, dada a longevidade dos atletas, a maioria dos nomes se repete.
Em sua oitava Olimpíada, Rodrigo Pessoa desistiu ainda no começo do percurso. Com um cavalo jovem, Major Tom, ainda sem grande experiência em eventos e obstáculos deste tamanho, optou por poupá-lo depois de um início ruim, com uma chegada precipitada ao primeiro obstáculo e uma vara derrubada.
Quando a segunda vara caiu, o brasileiro entendeu que não havia por que continuar forçando. "É uma falta que não é característica dele, ele [o cavalo] raramente ou quase nunca fez essa falta. Aí depois ele ficou muito cuidadoso, porque ele é um cavalo que é muito respeitoso, então uma falta assim deixa ele muito arisco. Aí depois o duplo, ele fez um esforço, se esforçou muito, e não tinha por que mais continuar com oito pontos, não fazia sentido nenhum fazer o cavalo ter esforço grande para nada."
Outros cinco conjuntos não conseguiram terminar o percurso. Líder do ranking mundial, o sueco Henrik von Eckermann foi jogado para fora da sela pelo cavalo King Edward, que errou o trajeto e foi para cima de uma decoração. Ao perceber que não havia como saltar, o animal refugou e jogou Henrik por cima de sua cabeça.
Antes, o cavalo do mexicano Andres Azcarraga refugou diante de um "rio" extenso. No mesmo local, o japonês Takashi Haase Shibayama quase tomou um banho. O cavalo dele também refugou antes do obstáculo com água, ele se segurou na rédea e ficou pendurado depois de cair.
Três conjuntos voltaram para o desempate, quando a vitória ficou com Christian Kukuk, único a zerar o percurso de novo na montaria de Cheker 47. A prata foi para Steve Guerdat, suíço que havia sido ouro em Londres, e o bronze para Maikel van der Vlueten.
Stephan Barcha terminou em quinto. Ele e Primavera Império Egípcio cometeram uma falta de terminaram nesta colocação porque tiveram o segundo melhor tempo entre os conjuntos de 4 pontos perdidos.